terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Corrente alternada / Corrente contínua

O cansaço e a tristeza podem durar pela manhã e por uma tarde inteira, mas a alegria vem pela noite quando AC/DC entra no palco.

Aproximadamente três meses atrás foi confirmada a integração do Brasil na Black Ice tour, notícia que inflou os ânimos dos fãs de AC/DC por toda América do sul, a partir de então, fãs ansiavam pela divulgação da data do show e da abertura das bilheterias, a venda dos ingressos para o tão sonhado show iniciou-se no dia primeiro de outubro, dia em que se esgotaram todos os ingressos, ingressos disputados com unhas e dentes, aos que conseguiram assegurar ingressos para o show ficou a angustiante espera pelo dia vinte e sete de novembro, aos que não conseguiram ficou a frustração e a tristeza por tamanha perda.

Cariocas, mineiros, pernambucanos, curitibanos, gente de todo Brasil e alguns amigos do MERCOSUL, partiram na véspera desse grandioso evento que contemplaria uma das maiores banda de rock and roll de todos os tempos, partiram rumo ao Panetone mais famoso de São Paulo onde seria realizado esse show histórico na maior metrópole da América do sul.

A mística de prestigiar o Power trio composto por Malcolm Young, Cliff Williams, Phil Rudd e contemplar a double trouble, Angus Young e Brian Johnson consumia e guiava a gigantesca fila de espera para o show, AC/DC reúne fãs com facetas incomuns, em sua maioria verdadeiros amantes da música, nessa árdua agradável longa espera ocorreu episódios dignos da peculiaridade da situação, curitibanos dizendo que o coxa é o maior time do Brasil com alegações ilógicas e nada convincentes, gaúchos gremistas e colorados debatendo com saopaulinos em seu pleno lar quem é o time mais simpático do Brasil, cariocas apreciando o saboroso cachorro quente paulistano, pernambucanos vítimas de escárnio público por não disporem de ultraje “ao rigor do show”, havia até um polonês que chorava em alemão a morte de seu lindo cão, argentinas de linguajar castelhano que sorriam-me em português, cristo também fazia-se presente nessa maratona de espera abençoando os presentes com sua simpatia, o impacto do vai e vem dos fura filas e da necessidade de álcool gelado para se abastecer nessa dura disputa por um lugar privilegiado nas lindas gramas do Morumbi fizeram-me perder minha harmônica preferida, considerem uma perda coletiva, pois através dela seria entoado o ruído do trem de “Rock n' Roll Train”, em suma, por mais dura que tenha sido essa disputa, todos saíram ganhando, pois o show começou ainda na fila através do espetáculo dos diversos personagens presentes, dou destaque a um segurança astuto que enriqueceu-se de modo corrupto ao vender lugares na fila e por sua falta de profissionalismo em causar risos na multidão com piadas desconcertantes e espírito sagaz.

Finalmente abrirão os portões, o brado da galera era ensurdecedor, a equipe de apoio juntamente com a polícia militar perturbava-se ao tentar controlar o descontrole eufórico da multidão, em poucos minutos o panetone estava cheio de amantes de verdadeiro rock and roll (sem querer ofender a RadioHead company), as arquibancadas completamente preenchidas e a imensidão do campo tomada por um público brasileiro digno de aplauso, definitivamente somos a melhor platéia do planeta, restavam apenas quatro horas para o início do grandioso show, nesse curto intervalo de tempo, o céu brasileiro prestou uma nobre homenagem ao público que fora castigado pelo fervoroso sol, ele mandou uma chuva sonora que cadenciava o público que esperava por AC/DC, para amenizar a ansiedade que assolava os expectadores inclusive eu, organizei um campeonato brasileiro de truco, reuni mineiros, paranaenses, cariocas, gaúchos e paulistas para matarem o tempo jogando baralho numa bela confraternização, foi uma medida feliz, pois a saudável rivalidade que criei distante de sintomas chauvinistas distraiu a imensa galera que estava comigo, definitivamente estava armado um perfeito cenário de espera pelos virtuosos velhinhos australianos do AC/DC, tão perfeito que essa jogatina interestadual era trilhada pelo maior guitarrista que a música já produziu, a produção do evento foi extremamente feliz ao fazer-nos esperar por esse grande show ouvindo Buddy Guy, entretanto, havia uma galera de gaúchos que estavam atrás da roda onde acontecia o campeonato de truco, esses gaúchos blasfemavam contra o nome de Buddy Guy, instantaneamente larguei minhas cartas e fui repreendê-los:

- Hello, de que lugar do Brasil os senhores são?

- Somos de Porto Alegre! (Disse um gaúcho com pinta de galã).

- Prazer em conhecê-los, sejam bem-vindos à São Paulo, terra de todos!

- Obrigado! (o coro de três vozes, dois homens e uma linda loura mulher).

Contudo esses três gaúchos tinham em sua companhia uma maravilhosa morena com olhar de fogo, notei que essa moça que estava no clã dos sulistas observava-me atentamente com ligeira cobiça, observei isso e disse:

- Quando vocês voltam para o sul?

- Iremos sábado às 18h. (Disse o outro gaúcho).

- Oh! É uma pena, domingo agora haverá um grande evento de curadoria da Telefônica, (Telefônica Open Jazz) esse festival que será realizado no parque da independência, trará Dianne Reeves uma excepcional cantora de jazz contemporâneo, trará também Buddy Guy, o maior guitarrista que a música já produziu, palavras de Angus Young, guitarrista da nossa amada banda AC/DC.

- Infelizmente não poderemos, o nosso vôo já está agendado para sábado. (estava nítido o lamento nas palavras da linda gaúcha).

Logo em seguida aquela morena que até então apenas observava-me com um lindo sorriso insinuante disse:

- Qual é o seu nome?

- Meu nome é Ronaldo, embora eu prefira que me chamem de Correia, pois meu nome fatalmente foi banalizado pelos alienados amantes de Pânico na TV.

-Te compreendo, prazer em conhecê-lo Correia, meu nome é Bruna! (apertou minha mão acintosamente fisgando-me com a ilusão de sua poderosa técnica ocular).

- Prazer em conhecê-la Bruna, a senhorita me permite repreendê-la?

- Fique a vontade!

- Esse guitarrista que irá se apresentar no Ipiranga no evento da Telefônica é o mesmo guitarrista que você está ouvindo agora, é o mesmo guitarrista que tu desdenhaste agora pouco!

- Não me entenda mal Correia, porém eu não considero esse momento propício para se ouvir blues!

- Você gosta de blues?

- Não muito!

- Oh Baby! Saiba que AC/DC junto com Led Zeppelin são bandas essencialmente blues.

- Não vamos entrar nesses méritos, você mostrou-se bastante simpático, fale mais de você, de onde você é?

- Eu sou natural do estado do Piauí, vim pra são Paulo com três anos de idade, e você de onde é?

- Sou daqui de São Paulo mesmo.

- Logo vi que você não era gaúcha, o seu olhar comunicava-se comigo em dialeto paulista.

- Nossa! Então rapaz, quanto a esse show que acontecerá no parque da independência eu pretendo participar, vamos manter um contato para vermos esse show juntos, assim, no dia desse show você poderá me falar melhor sobre o meu olhar paulista pois falta poucos minutos para começar o show e por mais que eu queira continuar conversando contigo, suponho que o show será mais interessante.

- Sim baby, agora pois irei entrar no clima do show, antes que ele termine pegarei seu telefone para mantermos o contato, o meu celular está na mochila daquele garoto alto de olhos verdes e não estou em condições de decorar seu telefone pelas altas doses de Green Label que ingeri.

- Ok Correia! Espero que me perdoe pelas palavras mal proferidas, não tinha a intenção de blasfemar contra o maior guitarrista do mundo.

- Ganhaste o seu perdão no instante em que olhaste pra mim com enorme graciosidade, sinta-se exclusiva por dispor dessa poderosa arma de sedução.

- Obrigada!

O silêncio instaurou-se no momento em que eu e a maravilhosa bruna conversávamos, enquanto estávamos em perfeita harmonia meu irmão Renato interrompeu-me para dar-me uma antártica sub-zero, no ato dessa interrupção a música de Buddy Guy cessou e as luzes se apagaram, era o anúncio do início do show, nesse instante o brado dos presentes ecoavam por todas as dimensões do universo, posicionei-me para contemplar a fina flor do Rock n’ Roll, quando finalmente o show começou com a animação no telão, a loira linda gaúcha aproximou-se de mim, apoiou-se por detrás do meu ombro com o queixo encostado no meu trapézio e disse abraçando-me por trás:

- Posso assistir o show aqui contigo, juntinhos?

Olhei paro o palco, na sequência olhei para as luzes do palco refletidas nos olhos da bela loira e atendi o gentil pedido, afinal se tratava de uma representante exemplar da nobreza feminina, os olhos dela estavam na mesma altura dos meus, moça alta para os padrões femininos, seus cabelos molhados pela chuva liberavam um aroma fascinante, pensei rapidamente em ceder a linda bruna para meu irmão Renato, todavia, o primeiro acorde de Angus Young derrubou todos que estavam no Morumbi, o frenesi tragou a sanidade de todos presentes, a voracidade do público da pista era tamanha que imediatamente me aproximei do meu irmão para não perdê-lo de vista, estava ciente de que se me afastasse dele não iria encontrá-lo facilmente no meio daquela loucura, quando olhei pra trás a loira e a morena que disputavam-me já não estavam ao alcance de minha vista, fato que não me perturbou, pois estávamos submergidos na tenebrosa força emanada pelo supremo rock ACDICIANO, sentimos na alma a força da corrente alternada e contínua proveniente do vocal de Brian e das baquetas de Phil Rudd, após a quinta música “Dirty Deed’s” eu vi o quão privilegiado eram todos os que testemunhavam esse espetáculo singular, um verdadeiro tributo ao rock, à música e um prêmio impagável aos que pagaram pelo ingresso, essa súbita percepção obrigou-me agradecer ao meu irmão que presenteou-me com esse ingresso, um show enérgico de força sobrenatural capaz de mover o céu e o inferno, o meu gesto de gratidão não foi com palavras, foi com uma ação prática, coloquei-o em meu ombro para melhor visualização do palco, colocava-o em meu ombro quando a banda tocava suas músicas preferidas, não estava em condições físicas para tanto em razão do cansaço adquirido na dura maratona para show, mas utilizei da força que restava em meus mocotós para fazer esse gesto de gratidão, o show progredia com violenta intensidade de comoção, uma comoção mútua entre banda e público, tal evolução castigou o público com o excepcional desfecho, nos deram o duro castigo de saber que esse foi o último show da banda no Brasil e de que a banda está à beira da aposentadoria, uma verdadeira penitência aos fãs que fatalmente viram um glorioso show acabar.

Não obstante a essa célebre experiência de ver AC/DC na sexta-feira, teria também Buddy Guy no domingo, um sério risco de lesão emocional para um amante do Blues, mesmo ciente do perigo que seria o show do mestre Buddy, me atrevi a vê-lo, ouvi-lo, mesmo ainda me recuperando da contusão na alma adquirida na sexta-feira, fui novamente ferido ao presenciar o último brado e sorriso de Buddy Guy no Parque da independência, ele com sua guitarra estendida proclamou a libertação das vinte e cinco mil pessoas que lhe cultuavam nos gramados às margens plácidas do Ipiranga.

Eu Estava ferido de modo mortal, com poucas chances de recuperação, com isso fui em busca da cura perfeita, busquei refúgio na minha harmônica, mesmo medicado por ela ainda permanecia doente pela surra aplicada pelos arranjos talhantes de Malcolm Young e Cliff Williams, detonado pelas fábulas manifestas nos solos de Angus Young e arruinado pela supremacia de Buddy Guy, já sem esperança de recuperar-me por completo surgiu inesperadamente a cura para o meu mal, o alívio sobreveio-me quando ainda estava no Ipiranga, encontrei a cura para minha enfermidade nos movimentos pré-fabricados de uma moça de charme espontâneo, ela notou minha dor e curou-me, utilizou de sua misericórdia e concedeu-me um medicamento natural, para minha sorte a naturalidade do magnetismo atrativo daquela sublime jovem trouxe de volta minha lucidez, já curado e lúcido pude sentir a franqueza de seu semblante envolvente, confirmei a espontaneidade da paz transmitida por essa amável “paraense”, portanto, já que não pude pagar por esse tratamento, irei dedicar o meu blues-carimbó (Boneca de Olinda) à senhorita Sena que amistosamente me guiou ao entendimento da força de AC/DC e ao poder de Buddy Guy, AMÉM!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não há vencedor sem perdedor.

Hoje foi caracterizado o fracasso, a derrota, não absorvam a palavra fracasso no sentido pejorativo, mas sim na sua real definição, hoje, São Marcos do Palestra Itália sabiamente jogou a toalha e efetivou a perda do quinto título brasileiro, diz Camelo que, quem sempre quer vitória perde a glória de chorar, essa dita glória fica de consolo para os autênticos palestrinos, houve também um lendário personagem que também dedicou-se por um ano inteiro e não obteve a tão almejada vitória, ele ritmado por três surdos e um tamborim ensaiou o ano inteiro para ver sua cabrocha desfilar, ela prometeu-lhe um desfile exclusivo, mas quando finalmente chegou o carnaval, acreditem, ela não desfilou, pobre rapaz, chorou na avenida incrédulo, ele não pensou que a cabrocha que ele tanto amou lhe mentia, vitimado por promessas vãs, assim, o amor dele pela passista acabou junto com a ilusão, na triste quarta feira o rapaz voltou para o barracão cansado de ser glorificado pelo choro, revoltado com o samba vão que ele fez em louvor ao nome de sua passista, deitou-se em sua rede feita de retalhos de cetim e disse calado para si mesmo: “Atormentado pelo meu samba que é dela, ela nem, nem, amaldiçôo-te samba maldito, és alento para a multidão nas arquibancadas, mas és tormento à quem foi dedicado, mesclei-te com batuque recifense, mas esse tempero serviu apenas para arder os ouvidos dessa maldita cabrocha, irei te por em blues a fim de adequar-te”.

Houve também Mr. Clapton que abençoou o mundo com uma diversidade de boleros movido pela sua linda loura, ela porém foi expectadora de outros compositores, apreciando peças aborrecíveis distantes de seu esplendor expresso nas bossas de Clapton, Little Walter foi duramente derrotado quando lhe tiraram seu amplificador, Walter Jacobs é o mestre da harmônica detentor de um vocal vibrante, isso requer uma harmônica carregada de drive e vibrante bem como seu vocal, arrancar-lhe o amplificador foi como tirar-lhe a vida, entendam, intentos são traçados, projetos são desenhados, entretanto, não existe previsão de sucesso ou vitória, com isso digo: Vitória aos vencedores e derrota aos fracassados, a cerne de um Palmeirense jamais será idealizada por quaisquer outro amante do futebol que não seja essencialmente palmeirense, portanto meus bons palestrinos, tendem bom ânimo, estais na condição suprema inimaginável por alheios, fomos derrotados por vitoriosos, eles terão a glória que não podemos, parabenizem-nos de pé, o Alviverde com toda sua glória e tamanho verá um time menor feliz ao lado de sua grande conquista. Até a nossa próxima conquista então, até o próximo carnaval.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Canção em vão.


Os altivos guerreiros mitológicos avançavam com profunda antipatia em sentido a batalha dos deleites, eles moviam-se em velocidade sonora, contudo, como um trovão, a Senhora do tempo surgiu de fronte para esses guerreiros interrompendo a progressão dos mesmos, ela pousou num pico ponte agudo equipada de uma gigantesca espada, fitou-lhes e disse:


- A partir daqui apenas os mansos de coração irão prosseguir, os demais serão bem vindos em ficar por aqui esperando, é o fim da linha, quanto aos endinheirados e aos que renunciaram ao ego e a honraria de ter uma identidade gloriosa também estarão autorizados a prosseguirem, saibam portanto, límpidos, vocês que estão munidos de sua maior arma, o choro, o pranto, que estou lhes concedendo esse privilégio unicamente por entender que com essa poderosa arma vocês estarão aptos para atenderem os meus desejos e realizarem minhas vontades, quanto aos demais, dispenso suas oferendas, rejeito seus louvores manifestos por esses alaúdes vintages, saibam que se tentarem avançar não terei piedade em dizimá-los.

Dentre os sete guerreiros presentes, apenas um não atendia aos requisitos da Senhora do tempo, já os outros seis avançaram para o próximo estágio da guerra com a benção daquela guerreira divina, todavia, o único guerreiro que permaneceu sabia que os outros seis seriam facilmente derrotados no calor da batalha dos deleites, mas sabia também que se tentasse avançar aquela bela mulher iria derrotá-lo com um simples movimento, ele portanto, propôs à Senhora do tempo que lhe concedesse uma oportunidade de provar a ela que mesmo não atendendo aos seus requisitos, poderia tentar cativá-la com uma última tentativa de louvor ao seu nome:

- Oh senhora do tempo, permita-me tributar a ti um último soneto? Dedicar-lhe a última canção?

- Permito pobre guerreiro, mas se tal canção não soar bem aos meus ouvidos irei reduzi-lo ao pó da terra!

- Pois bem, aceito o desafio, eu não posso chorar ou pedir por misericórdia numa batalha tão sangrenta, não posso perder minha identidade me submetendo a vontade dos lascivos carnais, estou prosseguindo rumo a um alvo, sendo assim, utilizarei da minha última arma para conquistar esse intento, sem temer a morte, saiba que no dia em que aqueles homens renunciaram a si mesmo para atenderem os requisitos impostos por ti, eles assinaram um passaporte para o inferno, caso eu falhe na minha canção também estarei no inferno, mas o inferno para o qual eu irei será após a morte e não durante a vida, pois não há nada pior do que ser vítima do inferno da ilusão.

- Acredite homem, não existe nada pior do que a morte real, eles estarão melhores de baixo de minhas concessões ilusórias, felizes e presos às minhas vontades, mas chega de conversa fiada, vamos guerreiro, comece a tocar! Cante para mim!

A fadiga e as feridas adquiridas nas batalhas antecedentes contribuíram para a profunda lástima expressiva na canção do “selvagem” guerreiro, cada nota expressa em seu alaúde desenhava as pedras que a senhora do tempo deixou em seu caminho, o longo e envolvente solo substituía as lágrimas jamais derramadas, a força de seu vocal etílico tragava o ar transformando-o em um brado carregado de feeling , por fim, todo o louvor sincero manifesto na canção que objetivava elucidar a senhora do tempo, foi finalizado com o encaixe de sua espada no abdômen do guerreiro enquanto ele ainda progredia para o refrão principal:

- Oh bendito guerreiro, me perdoe pela minha incapacidade de ouvir sua canção, não posso arriscar perder minha divindade em troca do cultivo dessa canção apaixonante, tenho objetivos maiores nessa guerra dos deleites, se eu permitisse que concluísse essa maravilhosa canção, certamente eu iria sucumbir diante de tamanho talento, renunciaria a minha divindade para ouvi-lo sempre que possível, portanto, irei ao encontro dos outros guerreiros para ajudá-los a vencer a batalha final, pois sem mim eles são incapazes, eles dependem do meu poder e eu dependo do choro e da submissão deles, sem eles não sei viver, aqueles belos guerreiros são o ar que eu respiro, agora pois, você já não me atrapalhará nesse guerra sangrenta – Dito isto, a senhora do tempo removeu sua espada do corpo do guerreiro, deitou-lhe cuidadosamente no chão ao lado de seu alaúde e partiu rumo ao seu objetivo de vencer a guerra ao lado daqueles frágeis combatentes.

A última canção do lendário guerreiro fora interrompida por um golpe impiedoso, tal guerreiro morreu em prol da ambição da senhora do tempo que o suprimiu até a morte para concretizar suas vontades, ela no entanto, venceu a guerra ritmada pelas notas do finado trovador que de modo afinado e terno gravou em seu coração as notas daquela última canção.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A veste venêrea.

Pronto para comemoração do vigésimo terceiro ano da senhorita Kimmi Yamamoto, o ponto de partida era um ponto de táxi situado num hotel na av. Oscar Porto, já dentro do táxi avistei através do retrovisor central um belo vestido prateado ultrajando uma robusta chinesa abrasileirada, ela desceu de seu carro para informar-se com o manobrista, nesse ato desci do táxi e fui auxiliá-la com meu “chinglês-aportugueisado”, ao me aproximar notei que na verdade era a bela Vanessa retirando os seus convites da confraternização para a qual eu me dirigia, da mesma maneira que eu não a reconheci por tamanho glamour, ela também não me reconheceu por ver meus sapatos reluzentes refletindo a minha longa barba, tal situação promoveu um encontro que a muito não ocorria, o taxímetro ficou ligado enquanto eu partia acompanhado da doce chinesa rumo ao local do evento situado numa travessa da Alameda Santos, nesse curto intervá-lo de distância pouco falei com a bela Vanessa, aquelas pernas grossas deixaram meus olhos ocupados e a boca inativa para verbalizar quaisquer pensamentos que não fossem referentes àquelas coxas bronzeadas. Já no local da festa, fomos recebidos por um curto vestido dourado que se projetava até as visões através de um pequeno corpo da fina beleza oriental, o brilho dos caracteres que ornavam aquele vestido prendia as belas moças que contemplavam essa esplendorosa veste, todavia, a diminuta proporção de tecido desse vestido permitia aos homens presentes que desvalorizassem o nobre trabalho do estilista para apreciarem o excelente trabalho do criador daquela bela japonesa, seu decote era demasiado sugestivo para perder para um simples pedaço de pano, com a sorte que me ocorreu, fiquei num ângulo privilegiado de fronte para as lindas moças que compunham esse evento, nelas vi e percebi o quão triste é para nós homens a correria da Grande São Paulo, essa correia contribui para que essas belas mulheres abstenham-se de ultrajar no cotidiano vestidos como aqueles que eu testemunhei naquela referida noite, vestidos que valorizam e realçam a sensualidade de tais moças, vejam, a correria das grandes metrópoles, por exemplo, metrô, trem, táxi, ônibus e até trechos a pé não colaboram para o conforto feminino, pois assim como dizia uma amiga estilista: "Vestidos sugerem sandálias ou salto alto, o que seria impraticável na correria do dia a dia", Portanto, cabe aos amantes da beleza feminina lamentarem e esperarem por ocasiões peculiares para contemplarem o efeito embelezador que o vestido causa, desse efeito decorre o desejo de querer despi-las, considerem assim o poder venêreo e irônico da veste que incita a despe.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Não force o tempo alheio.

Não cabe desenvolver leis que visam punir os que tentam roubar minha identidade, eles não roubam o meu show, roubam o meu nome, e até o sujam de modo banal, mas os perdôo, afinal eles deveriam escolher outro mais talentoso para se assemelharem ou copiar, entretanto, mesmo vos concedendo o meu perdão, não busquem em mim refúgio ou consolo, busca proveniente da falta de criatividade e sagacidade de espírito, tentem por si só se achegarem às minhas práticas, aos meus hábitos, mas se forem fazê-lo façam de modo nobre para que não confundam os maus interpretadores, por favor, poupem os meus jargões intimidadores, ao menos se privem de utilizarem meus decretos, é lúcido dizer que forçar o espírito é como encaixar um dromedário no fundo de uma agulha, a sanidade sugere a cada componente do organismo em funcionamento a ter a incumbência de desempenhar sua função adequada às suas características, poderia acaso um par de olhos inalar o aroma do campo? Ou os ouvidos saborearem um sorvete de baunilha recheado de granulado? Pois bem, não há mais razões para inibir a ação dos ínvidos, antes digo, deleitem-se no reflexo de um pobre bluesman analfabeto que carrega um fardo pesadíssimo revelado em sua face barbada, maculem-se naquele que se absteve de sua onipresença perseguidora, por ter perdido a fé e a coragem, afinal, este alforriou o tempo que não lhe fora concedido, permitindo assim que os privilegiados cultivem os seus méritos conquistados, em resumo, a verdade supostamente manifesta aqui diz que as grandes parcerias calham da afinidade que flui essencialmente, portanto, não tentem se encaixarem onde não são bem-vindos, pois a plenitude de um comprometimento ou pacto é algo que a razão dificilmente justificaria.

Sendo assim, eu na condição de Porco, provável penta campeão brasileiro de 2009, não me iludo mais com as pérolas que me são jogadas, afinal a avaliação do meu joalheiro diagnosticou que esses diamantes que me foram jogados na verdade não passam de bijuterias baratas, as verdadeiras jóias estão guardadas cuidadosamente para o lindo carrasco das doces madrugadas, portanto, para honrar o contrato social que assinei no dia em que minha mãe deu a luz, eu permito que os tolos permaneçam a me copiar e me retiro do caminho selvagem que leva ao frenesi e a conquista de sonhos, permanecerei na estrada da hipocrisia onde confronto-me com a dissolução do blues. É meu povo, the Blues follows me.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bendita customização!


O rei do submundo, líder das potestades surgiu obscuramente radiante e afinou as cinco primeiras palhetas de minha harmônica, ele surgiu enquanto eu estava próximo ao tanque da lavanderia me preparando para banhar, isso, me banhar no tanque, relembrar a infância, enquanto eu jogava minhas roupas sujas dentro do rebolo invertido, esse senhor sobrenatural surgiu equipado de diminutas ferramentas afiadas, aproximou-se do rebolo e de seu interior pegou minha calça onde estava minha Marine Band e com ligeira destreza customizou minha harmônica em poucos segundos, ele disse-me:


- As cinco primeiras palhetas estão prontas para o seu brado no palco, toque como nunca para a nobre big mama.


- Ok, thank’s devil!


Ele sumiu.
Na seqüência, eu a inaugurei com, “I can’t be satisfied”.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Planeta azul, Planeta Blues.

Cortando a densidade do universo com minha máquina quente pilotando-a à centenas de quilômetros desviando de tempestades cósmicas que castigavam aquele trecho galático, avistei a alguns anos luz de distância um astro envolto por belos anéis, uma poeira rochosa enfeitava aquele diminuto planeta, dirigi minha nave em sentido àquela galáxia que detinha aquele curioso planeta ornamental e ao me aproximar desse astro não senti a presença de vida naquele lugar, mas nesse mesmo sistema que era governado por uma enorme estrela senti através de meus sensores a presença de vida num planeta azul, captei a sintonia e o ritmo dos habitantes e me teletransportei pra lá almejando explorá-lo, já nesse planeta senti a adaptação do meu corpo para inalar o gás natural que formava sua atmosfera, quis conhecer os anciões que gorvenavam aquele belo reino, eu estava num alto pico, fiz uma leitura ótica do raio de alcance da minha visão e tomei uma forma curiosa, era a transformação do meu corpo para a forma de humano, humano é o nome que os nativos desse referido planeta atribuem a sua espécie governante, do alto desse pico me teletransportei para o lugar mais quente e agitado desse mundo, a minha leitura ótica sugeriu-me que fosse ao Brasil, para lá fui, surgi de modo radiante num ambiente litorâneo onde haviam muitos da espécie humana, estava eu andando pelos trechos desse planeta, vi um enorme complexo com cinco homens em cima emitindo sons através de instrumentos estranhos, alguns emitiam seus sons através de cordas com amplificação sonora, outro através do sopro num pequeno aparelho, outros de modo mais rude através de cruas batidas em caixas circulares, meu sensor explicou-me esse fenômeno sonoro, traduziu essa prática terrestre como "música", essa progressão sonora era extremamente envolvente, agitava e conduzia uma grande multidão, no fim desse "show musical" projetei uma situação para interagir com aquele grupo de humanos que executavam aquele bendito som, percebi que para eu falar com eles e preservar minha verdadeira identidade eu deveria incorporar o próximo humano que fosse falar com eles, de tal modo assumi o formato de um "jornalista entrevistador" e me dirigi para o local desse encontro, no local dessa entrevista, num salão fechado repleto de câmeras de video eu era o próximo jornalista a falar com os líderes desse grupo musical que em seu idioma original são chamados de "banda", a pergunta que pretendia fazer seria para entender qual era a técnica utilizada para emitir aquelas harmoniosas frequências sonoras, queria levar esse fenômeno para meu planeta natal:

- Olá senhores, digam-me, o que move e qual é a técnica utilizada para a execução desse som maravilhoso? Essa frequência sonora que vocês manifestaram através desses instrumentos é extremamente marcante, envolvente, produz estranhos movimentos no corpo, gera uma inquietação nos órgãos internos, quero saber de onde vem esse poder, por favor, digam-me!

- Garoto, acalme-se, recupere seu fôlego, lhe ensinarei qual é a fonte da nossa inspiração, lhe direi de onde vem essa técnica, a origem dessa poderosa transmissão musical não é mérito nosso, não é mérito meu, toda expressão que testemunhaste naquele palco, todo feeling que sentiste nessa bela noite, os maravilhosos arranjos que contemplaste hoje são frutos da ação de uma mulher, são provenientes do efeito que essa doce moça me causou, é a interpretação e liberação do sentimento através da música, respeite esse conceito, guarde essas palavras que vos digo e você aprenderá a essência dessa citada frequência sonora.

- Obrigado pelo ensinamento senhor!

Eu sai daquela sala em busca dessa referida mulher, fui atrás dela para que ela me concedesse essa receita e me ensinasse sobre a música, fiz uma breve leitura da situação e meu sensor apontou a localização dessa moça, quando cheguei em seu lar bucólico e me deparei com a pureza de sua beleza compreendi as palavras daquele homem, aquele músico revelou-me a fonte de sua força, fui reduzido diante do olhar daquela moça, perdi minhas forças e não me atrevi, recuei e entendi que minha espécie não seria capaz de confrontar com a soberania daquela Mulher, teletransportei-me para minha nave e voltei ao meu planeta, quando eu atingir um nível de evolução equivalente irei ao encontro dessa mulher para aprender sobre ela e a música.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Garrafa na locomotiva

A bela alagoana Thaís que a muito não via surgiu no verão noturno na movimentada praça da tradição nordestina, os motores dos teclados trilhavam o cenário daquele diálogo e nessa matança de saudades ela me propôs a participação da minha banda em um evento de conscientização a preservação do meio ambiente, em gratidão a difusa amizade que há entre nós aceitei o convite, logo, ela mostrou-me o roteiro do evento, nesse projeto que a Thaís Samaritana me apresentou vi uma vasta composição de adolescentes adeptos a causa, percebi o profundo interesse desses jovenzinhos em poupar o planeta da excessiva poluição e esse curioso apego as questões ambientais são decorrentes da mais positiva hipocrisia que já testemunhei, vejam, no último final de semana eu e um grupo de bons amigos fomos para uma cidade turística de arquitetura tombada e de valores ambientais, fomos para Paranapiacaba com o intento de comemorar o trigésimo sétimo ano de vida do Nivas Guerra, na exploração desse ambiente rico de natureza vimos as sucessivas repreensões dos guias locais referindo-se a preservação e não poluição do lugar, porém no ano anterior em que estive nesse mesmo lugar esses mesmos guias e moradores eram indiferentes a preservação da vila, um ano depois essa indiferença converteu-se em dedicação e zelo, parabenizo portanto os veículos de comunicação e os programas televisivos destinados a jovens de 12 a 18 anos, programas de seriados, desenhos animados, clipes musicais, dentre outros, programas esses que trazem mensagens de conscientização a não poluição e através desses programas surgiu a mais nova moda, moda essa que chamo de “Ecologia Moderna”, essa ecologia moderna produz de modo hipócrita nos adolescentes a repulsão a atitudes poluentes, o “desejo de reciclar” , contudo, procedem de tal maneira unicamente por ser a mais nova tendência do verão, longe de uma real preocupação com o planeta, contudo, não concebam essa observação de modo generalizado e pejorativo, pois quero dar destaque a essa bela ecologia moderna, afinal, ela está gerando nos jovens a positiva prática de não deteriorar os rios, as matas e o ar, portanto, quero me desculpar a todos os ecologistas, biólogos e moradores de Paranapiacaba pela garrafa de cerveja que esqueci no gramado que cerca um solitário e enferrujado trem que de modo artificial embeleza aquele gigante quintal.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A vitrola escarlate de Armélie.



Eric Clapton dizia que para executar perfeitamente o que Robert Johnson fazia em suas músicas seriam necessários dois violonistas, pois a progressão de acordes de Mr Johnson soavam com efeito duplo, como se ele tivesse acompanhamento de outro músico, e acrescente a isso o fato de Mr Johnson cantar numa linha atemporal do que é tocado o que torna virtualmente impossível de imitar, um trabalho duro que levaria uma vida inteira, essas palavras de Clapton foram desdenhadas por muitos músicos consagrados, entretanto, quando eles foram tirar a prova disso constataram a veracidade na teoria do deus da guitarra e comprovaram que o trabalho duro jamais irá superar a genialidade, a dedicação eleva o talento, mas não se sobrepõe ao dom, existiram e existem mitos do jazz e do blues que foram precursores e portanto insuperáveis, tanto homens quanto mulheres deixaram seus nomes eternizados na música de modo incontestável.

A citada genialidade musical diverge à idéia preconceituosa de um determinado professor de música que suprimiu o desejo musical de um grupo de meninas, ele alegava que o ser feminino não dispunha das mesmas aptidões e facilidade de aprendizado que o homem, ele dizia que para mulher desenvolver bem as habilidades em algum instrumento musical seria necessário dedicar-se arduamente, pois as mulheres não nasceram para tocar, não dispõem de talento nato para tornarem-se boas instrumentistas, esse conceito imposto por esse professor entristeceu Armélie em sua fase infantil, Armélie era uma criança que adorava tocar violino, mas desistiu do sonho de se tornar uma grande violinista em razão da supressão que seu professor lhe causou. Dez anos depois, mesmo desistindo de seu instrumento, Armélie não abandonou a música, frequentava pubs de jazz, garimpava sobre a música brasileira e era intimamente ligada à ela.

Armélie estava sentada distraída ouvindo seu Ipod num banco de esquina situado na região central de sua cidade esperando um táxi, nesse intervalo de tempo Raimundo um guitarrista de jazz aproximou-se dela e perguntou onde ela morava, como eles moravam na mesma região ele propôs à ela que dividissem o valor da corrida do táxi, Armélie não sentiu-se acuada com a abordagem do nobre homem e aceitou a proposta, sentiu-se atraída pela abordagem envolvente do gracioso rapaz, no táxi a sintonia e a convergência entre Raimundo e Armélie inspirou a bela moça a convidar Raimundo para jantar em sua casa, Raimundo não hesitou e aceitou o amigável convite, quando Raimundo entrou na casa de Armélie ele admirou-se com a decoração da casa, era enfeitada por vinis distribuídos pelas paredes e tetos, com recortes de jornais referentes a música e composta por plantas ornamentais, Raimundo sentiu-se acolhido por aquele lar, enquanto ele vasculhava a coleção de vinis de Armélie, ela preparava o jantar, Raimundo encontrou nessa discografia raridades do jazz, desde Billie Hollyday a Armstorng, de Chet Baker a Miles Davis, quando ele dirigiu-se à cozinha para saudar e parabenizar a linda moça por seus valores musicais, ela posicionou a agulha de sua vitrola na canção número cinco do primeiro álbum de "Clarence Gatemouth Brown", Gatemouth foi o único grande violinista de Blues, ele imperava com seu violino no ombro, aquela trilha sonora devorou todo ambiente, a muito tempo Raimundo não cultivava esse jazz-blues-fusion, os acordes dos naipes de metais e a linha melódica do violino de Gatemouth climatizaram aquele lugar e arremessaram Armélie nos braços de Raimundo, eles eram levados pelo rabecão percussivo e cadenciados pela rabeca de Mr Gate, eles seguiram a condução rítmica dançando institivamente e de modo lascivo, entregaram-se a volúpia paixão promovida pelo poderoso Jazz, cessaram apenas quando deram-se conta de que as panelas estavam em chamas, o jantar estava queimado por conta dessa agradável distração, eles foram obrigados a apelarem ao disk pizza, foi uma noite essencialmente calcada no jazz e alimentada pela grande harmonia entre Armélie e Raimundo, a vitrola de Armélie nunca havia testemunhado um clima tão impetuoso, passou a noite executando valiosos discos que orquestravam esse clamor aos céus, nessa bela interação Armélie disse a Raimundo da sua frustração por não ter seguido com o violino, falou de sua desistência promovida pelas duras palavras de seu antigo professor, na semana seguinte Raimundo teria uma apresentação no mais famoso pub de jazz da região oeste, convidou Armélie para fazer um dueto de "Song for Renee" de Gatemouth na noite de seu show, Armélie pensou em recusar o convite, mas aceitou para não prevalecerem as palavras de seu antigo professor, mesmo a muitos anos sem sequer tocar em seu violino ela aceitou o desafio confiantemente, ela estava nos braços de Raimundo e isso lhe deu segurança para aceitar esse encargo que estava por vir.

Armélie, passou a semana que antecedeu o show praticando e ensaiando "Song for Renee", desenvolveu muito bem, todavia estava temerosa pois nunca havia tocado para um público tão expressivo, no dia do show ela pensou em desistir, mas a presença de Raimundo transmitiu segurança à bela moça, quando finalmente ela subiu no palco, de modo genial ela ofuscou o experiente Raimundo com seus perfeitos solos, mostrou seu oculto talento que outrora fora suprimido por palavras vãs, exibiu a essência e genialidade musical que sempre esteve consigo, demonstrou grande habilidade para homem nenhum botar defeito, no final da noite em plena efusão com Mr Raimundo, Armélie prometeu a ele que iria retomar a prática de instrumentista, abençoar os ouvintes do jazz e contribuir para a difusão desse grandioso som.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Eu não tenho tempo.

No sétimo dia o senhor descansou, um cansaço curioso, a conotação desse cansaço cria uma incógnita, visto que o onipotente Jeová está a cima da limitação fisiológica humana, disse ontem a meu pai que estava cansado, vi em seu olhar um enorme ponto de interrogação, "esse moleque está cansado de quê?" "Não o vejo fazendo esforços físicos", talvez o cansaço de Deus seja igual ao meu, um cansaço de sobrecarga espiritual, por isso, tirei o dia de ontem para descansar e a bendita chuva contribuiu com o meu ócio, acordei de manhã não olhei no relógio mas vi que ainda era antes do meio dia pelo clima matinal, selecionei a discografia completa de Ronnie James Dio para me envenenar no tenebroso heavy metal, objetivava um descanso sem paz, queria ser atormentado pelo subliminar, parar o corpo e acelerar a mente, completada a sessão de DIO fui condicionar as artérias com B.B.King, a sua Lucile me levou ao sono profundo, pela primeira vez me vi sonâmbulo pelo corredor da minha sala, estava buscando algo que a muito não tinha, essa minha busca novamente me feriu nessa mesma sala, andando procurando pelo inacessível escorreguei no chão húmido em virtude das reformas que meu castelo passa e acordei desorientado, felizmente dessa vez não estava com um copo de vidro na mão, levantei pensei em tomar um banho mas voltei pra cama para retomar minha sessão de absorção do Mistério, dessa vez coloquei Malte & Vinil, tentei esquecer da essência desse som que foi criado por nós e ver algo que não vi no processo de criação, incrivelmente vi, vi o poder desse som, e sei qual foi e qual é a fonte dele, essa fonte valiosa não tem valor pois ela mesmo não se valoriza pelos valores que a cercam, por isso valorizei os valores paralelos que se valorizam, nesse ritmo caí no sono novamente, como o repertório era curto despertei pelo silêncio e fui alimentar meu corpo com caldo de mocotó para vigorar o físico pois a mente estava inflada e explodindo de tanto alimento, nesse ritmo fui até altas horas, as 23 horas decidi ir para o mundo real confraternizar com umas putas que me cortejavam ferozmente, decidi atender a esses clamores e exercitar a gana da Correagem, pus meu tênis novo e ao sair de casa me deparei com uma fina chuva e ciente de que o indomável Luiz Gonzaga Correia meu pai não iria liberar o carro para tal intento e para evitar a fadiga voltei pra minha cama para cultivar esse dia de folga, o meu erro foi colocar Led Zeppelin, pois ao tragar a tradução do sintetizador de John Paul Jones surgiu-me o desejo de ir a um boteco qualquer confraternizar com algum panguão ou com alguma cachaceira independentemente do nível, esse súbito interesse prevaleceu e mesmo tendo a opção do guarda chuva optei por contemplar o choro do céu sem proteção, apenas trajei meu famoso sobretudo verde e fui sem destino com o destino de parar no primeiro boteco que me inspirasse, antes de prosseguir rumo à seleção de botecos, passei numa boca de tráfico perto de casa para pegar uma lata de Skol pois os mesmos são incapazes de vender Brahma e vi o tamanho do temor que o tamanho da minha barba causa naquele bando de nóias, eles não tinham troco para notas de cem e não queriam me vender, mas a fixação do meu semblante negro os persuadiu de modo temeroso, portanto eles cederam, parti e logo na seguinte esquina entrei num bar, os presentes no bar eram uma moça de estilo rapper e um nordestino pernambucano, quando entrei no estabelecimento fui recepcionado amigavelmente pelo dono do bar, dei a ele o cd "Riding With The King" e ele gentilmente interrompeu a black music que o presente casal ouvia e pôs a faixa número cinco conforme eu havia pedido, sentei na mesa de bilhar com minha garrafa de cerveja na mão pensando em como iria introduzir o diálogo com os "colegas de bar", quando dei o primeiro gole o rapaz pernambucano perguntou-me que tipo de música era aquela que eu estava ouvindo, antes que eu respondesse a mocinha que estava com ele disse que me conhecia e que estava espantada com a mudança que sofri da infância para a fase adulta, as palavras dessa moça levaram-me à reflexão da evolução humana, das mudanças pelas quais passamos com o tempo, dos aprendizados que adquirimos e do tempo que perdemos com sentimentos banais, ela lembrou-me da época em que me dava pedradas pelas pirraças de criança que fazíamos e da emoção que sente em entender as fases que o ser humano passa, isso me levou ao entendimento de que nos próximos anos irei me envergonhar das minhas atuais limitações em virtude do progresso para o qual estou caminhando, essa é a tendência da humanidade, pelo menos para os que não se limitam e não se contentam com aquilo que é imposto pelo MEIO, pelo menos para aqueles que não tem rabo preso à nada, que fazem e vivem conforme o desejo próprio, não tem sua identidade dependente à identidade alheia, são essencialmente talentosos desvinculados a interesses materiais, essa positiva concepção de vida é para os que vivem em abundância por não se esconderem atrás de pequenas fortalezas, no futuro irei bordar um retrato de tudo aquilo que não sei dizer, mas enquanto isso irei correr atrás da consolidação do presente pois o meu grande clichê é: A vida está passando e eu estou sem tempo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

River of tears


Esperando nesse lugar, onde a luz do sol nunca brilha, te esperando aqui onde as sombras fogem de si, esse sorriso trakina foi a razão de eu esperar por tanto tempo, eu perdi o caminho de casa, você não consegue lembrar do meu nome, ninguém tem as chaves da libertação, vamos voltar para casa, não sei se aponto para o norte ou para o sul, algum dia você estranha e tardiamente irá se lembrar, o Espírito disse às nossas almas que certos lugares são inacessíveis, minha cética e teimosa alma negou-se a crer, sua crédula e alma boba acreditou e se distanciou, o Espírito ordenou ao Tormento que se oposse em meu caminho, estávamos em frequentes combates, o Espírito lhe concedeu falso conforto através dos pobres de alma, aqueles lugares proibidos traziam consigo mistérios e segredos milenares, esses segredos ocultos conquistados após a derrota do Tormento deram-me a receita e ensinaram-me a matar o Espírito que doma o seu manso coração, eu o matei, agora estou num novo cenário sombrio onde o antagonista é o poderoso sucessor do Espírito, "o Distância", o Distância é um astuto demônio que derrotou diversos guerreiros mitológicos, ele venceu Poseidon manipulando a Deusa ateniense, agora ele quer vencer-me para vingar a morte do seu mestre Espírito, mas a minha força oculta e minha arma mais poderosa está aí contigo, você está numa outra estação, contemplando o céu os céus e o inferno e eu aqui do outro lado curando-me das chagas que adquiri no duro combate com o Distância, estou escondido para que as feridas que adquiri nesse combate se cicatrizem, e para quem esperava um final feliz, caiam em pranto, pois o Distância me encontrou, me rendi e um golpe mortal foi desferido, o Distância fardava uma armadura forjada de prata e carvão, em sua cabeça um elmo dourado, era um cavalheiro de baixa estatura e pele alva, enquanto eu agonizava esperando a morte chegar, esse guerreiro retirou seu elmo balançando seus lisos cabelos revelando ser uma bela mulher:

- Lhe darei o golpe de misericórdia, eu mulher sou seu ponto fraco, receba o "cólera da libertação".

Desferiu com sua espada enferrujada um profundo golpe no meu pulmão, o sangue não jorrou para fora, afogou os meus órgãos internos enquanto a doce Distância chorava um rio de lágrimas por minha dolorosa e lenta morte.

domingo, 16 de agosto de 2009

Seres divinos não pecam


Transgredir um preceito religioso dá ao transgressor um fardo chamado pecado, na conotação bíblica de fundo etimológico em seu idioma original pecar significa errar o alvo.

Crer naquilo que não se pode ver caracteriza a fé, fé é a adesão absoluta à um crença espiritual é a crença incontestável ao sobrenatural, certa metáfora bíblica classifica como bem-aventurado aqueles que acreditam em algo sem comprovação evidente, isso é a fé, algo que transpassa o empirismo humano, o injustificável, desprendido de análises científicas.

Episódios recentes alienaram-me, ensinaram-me a crer no sobre natural de modo absoluto, logo eu que sempre respeitei a essência implícita daquilo que não foi revelado, eu que não faço julgamento daquilo que foge da natureza humana, livre de intuições e apegos religiosos, o primeiro episódio que evidenciou a existência de fatos que estão fora das leis naturais foi a explosão das pupilas do Mr Tuco ao ver de sua bateria Jimmy Page revelado na Les Paul de Nivas Guerra, Tuco em seu banquinho diante de seus pratos testemunhou a aparição de um ser inexistente no plano terrestre que era concebido pela presente guitarra, os bends representavam os gritos da feliz dor do parto, eu estava lá naquele estúdio sombrio situado nos confins da margem do Cocitos e vi o nascimento do filho de Maria Raimunda, aquela criança que saiu da vibração contundente das seis cordas umbilicais impulsionou a gana eufórica de Mr Tuco, enquanto o Nivas tocava sua Maria Raimunda com acordes e trinados insinuantes, Tuco George cadenciava de modo agressivo a regência percussiva, provocando com seu bumbo plástico a sensação de frenesi absoluto no poderoso rock zeppeliano, no fim de tudo isso a calmaria baixou no compacto ambiente e comprovou a existência de fatos sobre naturais.

Outro fato sobre natural foi a mística magia noturna presente em uma mulher que é perseguida pelos invejosos inquisidores que a condenam por sustentar a suposta heresia de ser um ser dos anjos, os inquisidores em reunião no concílio objetivavam caçar essa bela bruxa, discutiam sobre os atos dessa mulher que emana divindade, apenas 2% dos presentes nessa assembléia absolveram a doce bruxa, portanto, ela foi convocada para julgamento a fim de prestar conta de seus dizeres hereges, caso ela fosse condenada teria a severa sentença de ser queimada em praça pública diante de seus seguidores e admiradores, os amantes da eminente beleza angelical iriam chorar essa perda irreparável.

No dia do julgamento, Ela compareceu no tribunal exibindo a plenitude de sua divindade, a promotora que iria conduzir as acusações à gloriosa moça estava excessivamente ansiosa e tomada por um sentimento de fúria, queria provar a todos a falsidade nos dizeres da famosa bruxa, ela iniciou as acusações tomada por um forte ódio:

- Com que autoridade e em nome de quem você proclama por todos os cantos sua suposta divindade?

A promotora iniciou o processo de acusação de modo sutil, pretendia deixar pro final os argumentos agressivos, entretanto, a autenticidade dos poderes da bruxa dos anjos calou a perseguição de todos os inquisidores presentes:

- Eu venho em meu nome, tenho a autoridade dos anjos, vocês creem na verdade e de modo silencioso desconhecem a essência do que viria ser a mentira, vocês creem na cronologia e no calendário ocidental, mas jamais se perguntaram o que é o tempo, vocês dizem que toda ação gera reação, mas não sabem o que é causa ou efeito, vocês constituem famílias, alimentam sentimentos passionais, mas jamais perguntaram o que é o amor, você nobre mulher, que me questiona e me condena pelas maravilhas dos meus dizeres não consegue ver a trave que está cravada em seu busto, você religiosa me persegue pelo bem que faço ao meu próximo e não vê o mal que te rodeia, assenta-se à roda dos escarnecedores submetendo-se a agressões físicas, vocês todos presentes nesse tribunal alimentam a hipocrisia de canalizarem suas fragilidades para seres fortes, vocês transferem a terceiros a responsabilidade de errarem o alvo, portanto minha gente eu voz digo, dentro da lei de vocês eu já estou absolvida dessa maldita sentença, pois olhem bem pra mim, vejam a beleza manifesta nessa carne que estou encarnada e saibam que os seres divinos não pecam, portanto retiro-me desse tribunal terrestre e irei de encontro aos meus.

Ela levantou-se calmamente, todos presentes ouviam calados, dissolveram-se com as palavras da doce moça, o seu poder divino paralisou os presentes, presentes esses que apenas assistiram ela saindo daquele ambiente acompanhada de si mesmo e de sua inerente glória, após sua saída todos os que presenciaram tal episódio retornaram a si maravilhados com tamanha preeminência, nesse dia vi a ação divina de um ser, não posso mais ser chamado de cético, pois vi o sobrenatural.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O estranho reconhecimento


Dizem que os bêbados são verdadeiros em suas palavras, um determinado rival, um certo adversário, compartilhava de um mesmo ambiente festivo que eu, estávamos bebendo na mesma mesa e nesse dia ele ofendeu-me agressivamente por questões que não vêm ao caso, e curiosamente nesse dia, mesmo ele se opondo a mim, o "miserável" fez questão de enumerar e dar destaque ao meu talento com jogador de futebol, no meu blog nunca mencionei as minhas aptidões como boleiro, talento atípico que desenvolvi com duros treinamentos ministrado pelo meu irmão mais velho, porém esse recente episódio que envolveu esse bêbado revoltado obrigou-me a verbalizar de modo mais apropriado as palavras de louvor que ele atribuiu as minhas característcas nos gramados e nas quadras, segue portanto de modo mais retórico o que esse belo homem me disse:

"Correia Bluesman dispõe de uma técnica apurada, ele soma sutileza com agressividade, é detentor de uma elegância similar a de Ademir da guia. Tem a serenidade e a astúcia de um zagueiro sacana, malandro, seguro e convicto com a bola no chão, dribles curtos, lentos e desconcertantes. Regula e tranquiliza a saída de bola. A sua cadência envolvente desmancha o marcador. Não é um artilheiro, mas o seu arremate é venenoso. Zidane, Alex dentre outros são tão engenhosos e de fino trato quanto ele, decisivo com suas cortantes estratégias e ligeiras catimbas, um volúpio mago da bola".

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eu amo esse camarada

Que todos me perdoem e podem me considerar um blasfemo por referir-me a Ele, a Buddy Guy, o melhor guitarrista dos universos paralelos.

Homem de guitarra preponderante e arrogante, virtuosismo incalculável, há eternidade na sustentação de seus bends, tênue, explosivo na progressão mentirosamente ascendente que decai em sentimento verbalizado na sua preta de bolinhas. um guitar player que ensina a essência do ser amante no palco que o revela, que mostra e se mostra, um monstro, devora o tempo em ação; ação de um vocal tenebroso, esse cabra é bom, cabra da peste, misericordioso e fraterno para com seu público, Buddy Generoso. Pilantra, tem sempre uma carta na manga, confiem em Buddy Guy.

No show chega e não tem hora pra parar, se lhe recair a palavra e lhe sobrevir o clamor, ele lá estará entoando o lamento, estará vibrando, ecoa a comemoração sem saber que o fim está próximo, Buddy não é cronológico, ouve o ruído do relógio de areia e o observa.

Aparição impactante, aparições impactantes, é necessário ser político e respeitar as palavras que saem de sua guitarra, pois se elas caírem no esquecimento e forem desrespeitadas com palavras torpes, Buddy Guy aparecerá como um ladrão da noite e surpreenderá a todos, aparecerá diante da black sweety little angel acompanhada de seu demônio.

Buddy Guy eu vi, o xero viu o seu cheiro, Buddy we love you.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A big-legged woman ain't got no soul.

Misericordiosa, piedosa, move-se para os seus não moverem-se a perdição.

Invado seu castelo inesperadamente, ela manda-me subir, é como se estivesse no vale das bruxas, um vale arejado onde o vento não sopra, lá não encontro os meus bens esquecidos.

Ela é a luz para os bonzinhos, ela condiciona-se a fofura do menininho.

É a senhora maldade, alimenta a escuridão que não me pertence, pelo menos não deveria ser direcionada a mim.

É a senhora luz, leva luz a quem precisa.

Amaldiçoa os que desafiam o perigo, suas maldições refletem em si, os vilões que duelam com o mal e contra os maus rebatem os encantos da principiante bruxa.

Uma bela bruxa, imperou com várias cores de cabelo, detém certo desequilíbrio mental que deteriora o meio ambiente, perfeita em cálculos, é cénica, não é cínica, no executivo pode ser prefeita, ou uma perfeita presidenta, mas isso, só no futuro quando desvincular-se do desgoverno temperamental, afinal os grandes chefes estatais são brandos, eles machucam em tom tênue, palavras torpes e chulas aparecem em tom figurativo nunca em sinal de nervosismo.

Ela não tem alma, ela tem pernas, que pernas meu Deus!

Afugenta-se na estupidez alheia, bem próxima de seu travesseiro.

Moça delgada em seus desvios imprecisos e talvez desnecessários, afinal isso sim é vencer a luta vã.

Tenham-na como campeã, pois a força de sua respiração é a justificativa dessas eternas referências, essa mulé incita a questão do "eterno ou o não dá", pois os caracteres que justificam o "não dá" são solúveis, já os componentes que contribuem para "o eterno" são rígidos.
..
Não fujo dessa maga mística do Piauí, desconheço a covardia, não esquivo-me dessa boa moça, pois sei do bem que faço e do mal que ela me faz, mas como estou do lado do mal posso fazer um bem para essa que está má e que é má, meu bem.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Caminhos de uma motocicleta sem setas.

O sistema está em constante variação, a incapacidade de prever declínios e contratempos futuros sugere que se tenha sempre uma carta na manga, ter um plano B, afinal, as oscilações humanas contribuem para o desandamento de planos e projetos, se há tempo hábil para retificar os erros cometidos no desenvolvimento de tais intentos, corra contra o tempo para honrar com os compromissos assumidos, considerando isso e sapiente do caótico trânsito de São Paulo uma motocicleta seria de grande utilidade por sua mobilidade e rapidez, e foi a rapidez de uma motocicleta sem setas que possibilitou que reparássemos dentro de um intervalo curto de tempo os danos causados nos atuais empreendimentos.

Por rodovias, avenidas, ruas, vielas e até mesmo em becos sem saída, encontramos destroços passionais, vimos o refugo do desconsolo, deparamos com a consolação etílica, novas faces, umas de fácil entendimento, outras de face difícil, projetamos os impasses do viver de modo ativo, a cada face visitada um encontro diferente, bons e maus, na rua da tristeza derrapamos na felicidade da feliz, na radiante avenida iluminada colidimos com a amargura da indecisa, fomos alcançados e ultrapassados pela destreza das estradeiras de plantão e assim mantivemos velocidade equivalente, nos becos éramos acuados pela obscuridade, mas o farol aceso revelava que aquela escuridão era falsa e assim prosseguíamos rumo ao alvo, assimilávamos cada caminho, cada endereço, o mapa dos algures estava anexado na mente, muitos foram os pontos de referência, no fim dessa rota houve um ligeiro ar de hipnose promovido pela arquitetura vegetariana, a flora manifesta nas paredes conduzia olhares, a ilusória hostilidade fora justificada por timidez e mesmo inadepto aos místicos ares que rondava aquele cerco, fui enganado pelo sorriso maligno, esse sorriso driblou as tropas de defesa, confundiu as sentinelas da madrugada, habilmente infiltrou-se em minha fortaleza e de modo solene aplicou o golpe de misericórdia no imponente Rei, foi um impiedoso xeque mate, esse sorriso extinguiu com o aparato do nobre rei e saiu vitorioso desse duelo desleal, no final desse "genjutsu" prossegui para o próximo endereço sangrando a face, assimilando a sujeição anterior causada pela menina das meninas.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu a chamo de menina


O baterista da "Traditional Jazz Band" fez uma referência ao jazz perfeitamente cabível dizendo que 98% das letras jazzeiras dispõem de palavras como "baby", "darling" e "women", essa é a prova de que um jazzeiro é intensamente linkado e viciado na figura "mulher" (De fato os jazzeiros são viciados nelas).

Uma amiga disse-me que as grandes composições poéticas e as grandiosas canções são referências à mulher, é a prova da causa e efeito que as mulheres submetem os homens, isso no blues pode ser posto num sentido literal (verdadeiramente um bluesman não pensa em nada que não vá levar à elas).

Um amigo meu artista plástico, autor, ator, figurinista, não conhecia grandes nomes do blues, em função disso eu o apresentei grandes músicos como Robert Johnson, Muddy Waters, Sonny Boy Williamson, Jonh Lee Hoocker, Son House dentre outros mestres, em uma semana ele disse-me: "Meu caro, afaste-me disso que você chama de blues ou eu irei me tornar um verdadeiro heterossexual, amante incondicional do ser feminino, que letras maravilhosas e extremamente - surpreendentemente bem feitas em sua construção, quisera eu entender o poder que essas mulheres exercem sobre vocês homens do blues, definitivamente tenho que creditar à elas o mérito dessas maravilhosas composições".

Eu compus um blues para uma moça e essa canção está em plena difusão no nosso meio, e esses conceitos me veio à memória por ter me encontrado com ela ontem e entender através de seus olhos os porquês que me inspiraram a criar essa grandiosa música, entendi o poder que uma moça especial pode causar no lado artísitco de um jazzeiro, conforme é dito no meio dos diplomatas do blues: "precisamos delas em nossas canções", por mais que as letras agreguem valores políticos ou manifestantes, saibam que sempre há uma mulher por trás que move a revolução do compositor do blues.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Criança vingativa

A artéria pulsante proclama o desejo, um desejo que jamais existiu, foi apenas um gesto de vingança infantil, brincadeiras indevidas.

Não busque a desforra através de um ser alheio aos seus desvarios, busque sim naquele que te entortou, vingue-se sim, mas não vitime o inocente em troca de satisfação vingativa, afinal no final tudo volta a ser como era, mesmo com a vingança instituída a insolência passiva é retomada e maquiada pela inexplicável obsessão mútua de ambos personagens, personagens compostos por igualdades, eles são iguais em seus vergonhosos desejos implícitos, eles gritam internamente e mostram-se incapazes de se desprenderem pela eminente compatibilidade, magoam-se desnecessariamente pois a quentura da paixão resfria-se pelos ventos novos que sopram em seus novos e curiosos semblantes, em sumo crescimento deslumbram-se e machucam petulantemente os seus verdadeiros parceiros, escondem, mas, mostram que o amor está alí revelado na tolerância dos pecados cometidos entre si, sempre se perdoando em respeito à bela infância vivida juntos, carregada de risos e configurada por desrepeito que é humanamente compreensível e naturalmente condenado, o valor de tudo isso está na liberdade arbitrária que é judicial e divinamente lícita, então para nós que estamos de fora eles nos dizem "malmequer", eles se aquecem nesse inverno e que tudo mais vá para o inferno, principalmente aquele que fora vítima dessa linda vingança urbana.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

She shook me all night long!

Fomos impulsionados pelo sentimento verbalizado na harmônica blues regida pela excelente banda que comandava o grandioso show no centro cultural São Paulo, as injeções de ânimo que recebíamos gradualmente no decorrer do show nos obrigaram a ingerir cada nota daquele show de modo minucioso, com isso, fomos abastecer o refrão que envolvia o bom funcionamento cerebral com chops e tequilas, desse modo, instaurou-se uma paixão desenfreada, difusa e essencialmente mútua, esse desejo compulsivo que me envolvia e que consumia a minha nobre acompanhante nos teletransportou do bar para o táxi, do táxi para a hidromassagem, na margem da hidro o nosso combustível estava presente ostentando os seu 12 anos de cultivo, a trilha sonora do ambiente era propagada pela guitarra de Angus Young e liderada pelo vocal de Ian Gilan, um clima altamente fervoroso e tenebroso, tamanha foi a força da união dos flamejantes corpos que as paredes tremiam, o universo tremia, o firmamento tremia. Tremiam! She shook me all night long!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Janelas de Adeus


Chinesa, em seu globo ocular se formava o sonho, o verão, a flora, poluição com cheiro de liberdade.

Colombiana, contagiada pelos arranha-céus, humedecida pela garoa, colore a metrópole acinzentada.

Inglesa, o fervor do sol do meio dia tingia o rubor em sua alvura, impactante na transposição do seu par de jóias azuis.

Indiana, misticamente hipnótica, confunde a sofisticação de modo exótico.

Argentina, hermana má, imponente em solo vizinho, os vizinhos agradecem.

Welcome to Brazil.

No mercado municipal. Chinesa seduzida por nossas especiarias.

No bar do corisco. Colombiana mostra a "caliência" latina.

Na esquina do samba. Inglesa acanhada por falta de swing, grandiosa por excesso de esplendor.

Na estação do metrô. Indiana incita super lotação num mesmo vagão, o poder da atração.

No Parque Antárctica. Argentina vestida de Boca, deixa palmeirenses de boca aberta.

Façam como elas, descubram por si mesmo que a terra é redonda, mas cuidem para não se perderem na imensidão desse planeta, vos digo, a hora do adeus pode ser fatal.

sábado, 9 de maio de 2009

33 horas de olhos abertos ( The Vision never die )

De pé as 5h, concebendo the New Orleans songs before sunrise, despertei cedo em razão da inquietação cardio-respiratória causada pelas aparições da moça de natureza bucólica em meus turbulentos sonhos, e no momento de sua fuga, esse sonho tomou forma de pesadelo e com isso a continuidade do meu sono fora rompida. Já de pé perambulando pela casa, projeto um belo roteiro com vários níveis de entretenimento a fim de cativar e ter um "dia gentil" com a personagem dos sonhos em sua forma real, todavia, foi um esforço vão, ela recusou esse nobre convite, e de modo irredutível ela fez-me vítima de um desprezo eminente, contudo, utilizei do clima matinal para retomar minhas atividades físicas que a muito tempo não fazia.

Altas doses de um bom e velho bourbon, fizeram-me desviar de rota assim que saí do centro cultural Fiesp av Paulista, o relógio marcava 22h, eu deveria voltar pra casa para passar as músicas que seriam executadas no ensaio do dia seguinte, ensaio que começaria as 7h e sem horário para terminar, eu porém movido pelo estado etílico aproveitei o ensejo para rever alguns amigos da noite que trabalham na região do Paraíso, e nessa longa interação lembrei-me repentinamente de uma moça que foi um dos meus grandes affair, bela mulher e grande amiga, eu havia lhe suprimido de minhas lembranças por estarmos em pólos distintos, embora fôssemos extremamente compatíveis, seguimos estradas diferentes; eu estava a poucos metros de sua residência no bairro do Paraíso, celular descarregado, comprei um cartão telefônico, porém cético quanto a sua presença em casa, afinal era uma agradável sexta-feira noturna , eram 23h, ela deveria estar saindo da faculdade rumo aos botecos da noite paulistana, porém ignorei minha presunção e liguei em seu celular:


-Hello Baby!

-Quem fala?

-É o seu mestre, onde você está?

-Nossa! A quanto tempo Ronald, eu estou em casa, de pijama, pronta para dormir.

-Estava com saudades desse seu "Ronald", tire esse pijama, coloque uma roupa bem sensual, que eu passarei em sua casa para tomarmos várias tequilas lá na rua Vergueiro, naquele bar onde eu e você costumávamos interagir de modo maligno para com os frágeis...

-Sim claro, naquele bar onde você me fez passar tanta vergonha, bons tempos! Porém, não poderei estender muito, terei aula de inglês amanhã as 7h.

-Se liga mulé, eu também tenho compromisso amanhã, 7h, esse sim é um compromisso inadiável e se o caso for e certamente será, você vai direto pra aula fedendo a cigarro e eu pro ensaio bêbado, afinal tocar embriagado é mais produtivo.

-Então tá, estou te esperando.

-Tô chegando.

O clima romântico proposto pelo cenário da região de sua casa, sugeriu que fôssemos a pé de sua casa até o bar, não obstante a dificuldade de estacionar na rua Vergueiro; seguimos rumo ao bar como um par harmônico, ela entrelaçava o seu braço entre o meu, temerosa no trecho deserto e sombrio de sua rua, contudo, o meu olhar hostil, minha barba consistente e negra somados com o meu sobretudo verde repeliam os assaltantes em potencial, a mocinha de beleza oriental estava em absoluta proteção e repousava em meus braços tranquilamente.

Um reencontro marcante, visto que ambos sofreram transformações notórias, os seus lisos cabelos curtos e tingidos cresceram e assumiram seu tom original, seu corpinho frágil surpreendentemente adquiriu vultosidade distribuída que gerava cobiça e atração física, eu 5 quilos mais pesado, absolutamente careca e barbudo o que também produzia uma extravagância atrativa. As mudanças não permaneceram nos valores estéticos, ela em sua nova área profissional adquiriu grande crescimento intelectual o que lhe propiciou uma visível evolução em seu comportamento, portanto, a sintonia que havia entre nós multiplicou-se consideravelmente.

Conforme o previsto, o temas e conspirações eram tantos que as inúmeras garrafas de cerveja não foram suficientes para ampliar o nosso humor, logo, apelamos para as diminutas doses de tequila acompanhadas de uísque irlandês, e nesse ritmo de estrago, nós expomos os amores mal vividos no decorrer desse longo tempo em que não nos víamos, e sintaticamente chegamos no consenso de que a flora está à nossa disposição com sua fauna abrangente e de que somos dois animais irracionais que gostam do estrago, por isso, procedemos de tal maneira.

No final dessa bela interação, que infelizmente fora interrompida em virtude dos nossos compromissos, afinal já era 6h e ambos tínhamos obrigações inadiáveis, eu a conduzi até sua casa, guiado pela luz da lua que se despedia para a entrada da luz do sol, nos despedimos com ar de "quero bis" episódio que certamente será repetido inúmeras vezes.

Do Paraíso direto para a Vila Yara, lugar do estúdio de gravação, todos os membros da banda esbanjando empolgação e disposição, curiosamente eu estava com vigor superior ao de todos, a adrenalina promovida pela dócil mestiça foi o combustível para eu aguentar altas horas de ensaio regado de muita cerveja e shuffles virulentos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

37 horas de olhos abertos ( A visão nunca Morre )

Um belo ponto de partida foi a confraternização entre familiares num buffet na rodovia do amor, com todos meus irmãos, sobrinhos, pai e mãe, tios, primos, cunhados e cunhadas, amigos, todos presentes; essa confraternização serviu de preparação para a maratona que estava por vir, uma maratona recheada de loucos, amantes da música, de revolucionários insanos, de artistas intransponíveis, de meninos e meninas, velhos e novos, católicos e protestantes...

No final desse festejo familiar eu juntamente com meus irmãos e amigos migramos para o centro da maior metrópole da América do Sul, fomos prestigiar um evento peculiar que reúne em si legiões de demônios, poluição, ares de arte e amor, a essência da cultura, longas horas de pura efusão com o sobrenatural, porém essa visão crua e super-humana só seria possível para os detentores de espírito hábil; evento grandioso, capaz de atrair todas as possíveis facetas desse planeta, atende desde o pobres de coração ao ricos de espírito, tímidos e lascivos, "gênios e degenerados", um verdadeiro cortejo a cultura, um tapa na cara da limitação.

Vários segmentos artísticos disseminados por todos os cantos e altitudes da cidade, no espetáculo do Camelo destacou-se a resposta do público, a retumbância do Senhor Eliézio o regente da grande multidão, mulheres em nossos ombros gritando "assim é que se faz", cerveja caindo do céu e refrescando os sedentos, o swing da guitarra, da vida doce, e o "pois é" que torturava os corações não correspondidos, os presente nesse show foram além do que se vê.

A gana revolucionária sempre surje nesses ambientes, e o senhor Baleiro manifestou sua indignação ocultamente em suas grandiosas canções, a mensagem direta e conotativa de sua música hackeou o cérebro dos obtusos e o brado da galera corou sua bela apresentação.

Uma grande festa que fora encerrada de modo digno, a Deusa de pernas torneadas foi quem nos concedeu esse belo desfecho, com ultraje iluminado condizente ao seu brilho no palco, a simplicidade de sua interação com o público contrastava com o seu poderoso vocal e gingado, a disciplinada banda harmonizara o belo cantar da filha da rainha, sim, um belo desfecho.

Congratulo portanto os presentes nessa virada!

sábado, 25 de abril de 2009

Boca, queima feito fogo

Aterrorizante é a guerra estética travada entre mulheres, sempre foi assim desde épocas mitológicas, elas se envenenam através de elogios dissimulados, essa luta militar de vaidade cosmética é composta por armamento ornamental, creme hidratante, roupas sensuais, batons ditam o tom dessa batalha, elas se tragam e dizimam-se com a própria beleza.

Nesse duelo sangrenta são as batalhas, a diversidade de atributos estéticos é infinda, cada integrante dessa guerra dispõe de suas armas peculiares. Em guerras entre nações, a nação que dispõe de melhor recurso militar sempre vence, já nesse combate da soberba feminina a pequena menina de boca bordada tem em mãos a "bomba atômica" para acabar com essa batalha milenar, uma boca que queima feito fogo

domingo, 19 de abril de 2009

Bar do Corisco

Se você quiser vir aqui pra tomar uma pinga e fumar um cigarro solto será bem vindo!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Child

Hoje na reunião pedagógica de pais e mestres do meu filho-irmão, senti as distintas realidades de cada criança em seu seio familiar, o tema abordado na reunião de hoje foi a violência no ambiente escolar, foram dado vários exemplos de ocorrências criminosas dentro do ambiente escolar promovido por adolescentes de 14 a 15 anos, cada pai ali presente compartilhou de suas experiências similares ao tema com o professor que regia a reunião, avaliei cada fato isoladamente e vi as inúmeras dificuldades de aprendizado que os alunos encontram pela carência de boas influências dentro de sua dura realidade social, nesse ponto vi o quão privilegiado fui no meu período de infância e adolescência, isso deve-se ao meu estável padrão familiar, vejam, tenho um irmão 8 anos mais velho do que eu, que foi e é uma boa referência para mim, sempre me espelhei em suas ações, um exemplo de ser-humano, meu ídolo, tenho duas irmãs mais velhas que exerceram e exercem bem o papel de irmãs, e por serem mais velhas me isentam da responsabilidade de protegê-las e de sentimentos de ciúme, tenho um irmão dois anos mais novo que eu, irmão este que compartilha de anseios comuns ao meus, desde o mesmo time de futebol a preferências musicais a conceitos de moral, isso faz com que vivenciamos os mesmos ambientes, e como se não bastasse ainda tenho um irmãozinho que vejo como um filho, uma noite longe dele já me deixa saudoso.


Nessa referida reunião de pais, lamentei por ver o poder que o meio exerce na formação das crianças, muitos talentos são desperdiçados em virtude das más influências encontradas em meios sociais , vi crianças se empolgarem com a violência e se estimarem com ações maldosas, isso em razão do triste meio social que estas crianças compõem, lamentei sobretudo ao comparar essas crianças com dificuldades ao meu irmãozinho, meu irmão goza da vantagem de ter bons pais e 5 irmãos preocupados com sua formação pessoal e profissional, uma criança com valores altruístas adquirido através dos pais e ao mesmo tempo esperta em função dos ensinamento de seus irmãos mais velhos, isso portanto, facilita o aprendizado dele, com isso, é triste ver crianças promissoras se perderem no aprendizado e seguirem um caminho espinhoso por não terem estrutura familiar para seguir um caminho de realização.

Assim com dizia o sábio professor Girafales, as crianças são o futuro da nação, são eles que irão representar-nos no futuro.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O eterno ou o não dá.



Dizem por aí que o Diabo é o criador do inferno, o promotor do mal sobre este mundo tenebroso, dizem até que o pai das luzes criou o mal. Belzebu, líder das potestades do ar, condutor dos anjos decaídos não dispõe de envergadura moral e preponderância suficiente para tamanha façanha, esse referido Satanás que interage confundindo os sábios, é tão criatura quanto nós humanos limitados, ele é proveniente de uma força maior, ele advém de uma onipotência superior, assim como o Rock provém do Blues, Lúcifer advém de um criador supremo, haja visto que o Blues "É" o resto é decorrência, bem como O Eterno, O Eterno não tem início nem tão pouco fim.


Tão desprendido de conceitos teológicos, ligo o empoeirado e rústico tocador de vinil e me perco na comum prática de pensar na mulher que um dia tive ao som de ''Me and Devil" de Robert Johnson, arrisco acompanhá-lo na minha harmônica desafinada, numa profunda consolação etil, movido pelo acorde atemporal de Mr Johnson, recordo-me das pernas vultosas, das feridas que ela deixava em meus lábios, do meu clamor por mais 10 minutos, mas ela era irredutível.

Recordações aleatórias que sobrevém na suma embriaguês, com isso driblo a lucidez e numa simples ingestão antecipo o são.

sábado, 11 de abril de 2009

Índia com doces em seu olhar


Já num estágio etílico elevado

Cabeça envenenada, muito ACDC

Conduzido e condutor de tantas "emboladas"

Em plena efusão com os "Lords e Ladis" Correias

As sucessões de poesias nordestinas ditavam o ritmo

Assim surgem grandes contribuintes da neologia

Surgiram sim!

Mas o grande surgimento da noite, deve-se a repentina aparição da doce moça dos doces

Ela fitou todos, todas

Silêncio automático, necessário para uma contemplação apropriada

Malevolente ela pouco ficou, se foi

Isso lá é bom?



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As guloseimas angelicais

Olhar que pede suco de uva no canudinho, o amargo desse lúpolu não tem a suavidade da uva.
Chocolate branco e preto, e não se esqueçam da salada de frutas com leite condensado.
Aqui tem chiclete de tutti frutti para todos, alguém quer?
O que você quiser eu compro para ti, só não me peça whyski, eles são muito caros.

Eu não quero cerveja, eu quero melancia (odeio cerveja, amarga)
A minha bolsa é uma loja de doces, é estranho eu não ser gorda!
será que o tiozinho do churros ainda está na praça?
Eu quero com muito doce de leite!

Não seus bobos, churros não são enjoativos
São uma delícia deliciosa, mas hoje eu quero um pastel de queijo
E lá vem ela com um pacotão de salgadinhos, você quer tantan?
Estou cansada do serrrviço, vou descansar

O gingado é negado, mas é promissor, comprovei no semba do Baleiro
Por fim ela olha e oferece suco de maracujá
hum! Está tão saboroso.
Preciso dessa calma.