quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não há vencedor sem perdedor.

Hoje foi caracterizado o fracasso, a derrota, não absorvam a palavra fracasso no sentido pejorativo, mas sim na sua real definição, hoje, São Marcos do Palestra Itália sabiamente jogou a toalha e efetivou a perda do quinto título brasileiro, diz Camelo que, quem sempre quer vitória perde a glória de chorar, essa dita glória fica de consolo para os autênticos palestrinos, houve também um lendário personagem que também dedicou-se por um ano inteiro e não obteve a tão almejada vitória, ele ritmado por três surdos e um tamborim ensaiou o ano inteiro para ver sua cabrocha desfilar, ela prometeu-lhe um desfile exclusivo, mas quando finalmente chegou o carnaval, acreditem, ela não desfilou, pobre rapaz, chorou na avenida incrédulo, ele não pensou que a cabrocha que ele tanto amou lhe mentia, vitimado por promessas vãs, assim, o amor dele pela passista acabou junto com a ilusão, na triste quarta feira o rapaz voltou para o barracão cansado de ser glorificado pelo choro, revoltado com o samba vão que ele fez em louvor ao nome de sua passista, deitou-se em sua rede feita de retalhos de cetim e disse calado para si mesmo: “Atormentado pelo meu samba que é dela, ela nem, nem, amaldiçôo-te samba maldito, és alento para a multidão nas arquibancadas, mas és tormento à quem foi dedicado, mesclei-te com batuque recifense, mas esse tempero serviu apenas para arder os ouvidos dessa maldita cabrocha, irei te por em blues a fim de adequar-te”.

Houve também Mr. Clapton que abençoou o mundo com uma diversidade de boleros movido pela sua linda loura, ela porém foi expectadora de outros compositores, apreciando peças aborrecíveis distantes de seu esplendor expresso nas bossas de Clapton, Little Walter foi duramente derrotado quando lhe tiraram seu amplificador, Walter Jacobs é o mestre da harmônica detentor de um vocal vibrante, isso requer uma harmônica carregada de drive e vibrante bem como seu vocal, arrancar-lhe o amplificador foi como tirar-lhe a vida, entendam, intentos são traçados, projetos são desenhados, entretanto, não existe previsão de sucesso ou vitória, com isso digo: Vitória aos vencedores e derrota aos fracassados, a cerne de um Palmeirense jamais será idealizada por quaisquer outro amante do futebol que não seja essencialmente palmeirense, portanto meus bons palestrinos, tendem bom ânimo, estais na condição suprema inimaginável por alheios, fomos derrotados por vitoriosos, eles terão a glória que não podemos, parabenizem-nos de pé, o Alviverde com toda sua glória e tamanho verá um time menor feliz ao lado de sua grande conquista. Até a nossa próxima conquista então, até o próximo carnaval.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Canção em vão.


Os altivos guerreiros mitológicos avançavam com profunda antipatia em sentido a batalha dos deleites, eles moviam-se em velocidade sonora, contudo, como um trovão, a Senhora do tempo surgiu de fronte para esses guerreiros interrompendo a progressão dos mesmos, ela pousou num pico ponte agudo equipada de uma gigantesca espada, fitou-lhes e disse:


- A partir daqui apenas os mansos de coração irão prosseguir, os demais serão bem vindos em ficar por aqui esperando, é o fim da linha, quanto aos endinheirados e aos que renunciaram ao ego e a honraria de ter uma identidade gloriosa também estarão autorizados a prosseguirem, saibam portanto, límpidos, vocês que estão munidos de sua maior arma, o choro, o pranto, que estou lhes concedendo esse privilégio unicamente por entender que com essa poderosa arma vocês estarão aptos para atenderem os meus desejos e realizarem minhas vontades, quanto aos demais, dispenso suas oferendas, rejeito seus louvores manifestos por esses alaúdes vintages, saibam que se tentarem avançar não terei piedade em dizimá-los.

Dentre os sete guerreiros presentes, apenas um não atendia aos requisitos da Senhora do tempo, já os outros seis avançaram para o próximo estágio da guerra com a benção daquela guerreira divina, todavia, o único guerreiro que permaneceu sabia que os outros seis seriam facilmente derrotados no calor da batalha dos deleites, mas sabia também que se tentasse avançar aquela bela mulher iria derrotá-lo com um simples movimento, ele portanto, propôs à Senhora do tempo que lhe concedesse uma oportunidade de provar a ela que mesmo não atendendo aos seus requisitos, poderia tentar cativá-la com uma última tentativa de louvor ao seu nome:

- Oh senhora do tempo, permita-me tributar a ti um último soneto? Dedicar-lhe a última canção?

- Permito pobre guerreiro, mas se tal canção não soar bem aos meus ouvidos irei reduzi-lo ao pó da terra!

- Pois bem, aceito o desafio, eu não posso chorar ou pedir por misericórdia numa batalha tão sangrenta, não posso perder minha identidade me submetendo a vontade dos lascivos carnais, estou prosseguindo rumo a um alvo, sendo assim, utilizarei da minha última arma para conquistar esse intento, sem temer a morte, saiba que no dia em que aqueles homens renunciaram a si mesmo para atenderem os requisitos impostos por ti, eles assinaram um passaporte para o inferno, caso eu falhe na minha canção também estarei no inferno, mas o inferno para o qual eu irei será após a morte e não durante a vida, pois não há nada pior do que ser vítima do inferno da ilusão.

- Acredite homem, não existe nada pior do que a morte real, eles estarão melhores de baixo de minhas concessões ilusórias, felizes e presos às minhas vontades, mas chega de conversa fiada, vamos guerreiro, comece a tocar! Cante para mim!

A fadiga e as feridas adquiridas nas batalhas antecedentes contribuíram para a profunda lástima expressiva na canção do “selvagem” guerreiro, cada nota expressa em seu alaúde desenhava as pedras que a senhora do tempo deixou em seu caminho, o longo e envolvente solo substituía as lágrimas jamais derramadas, a força de seu vocal etílico tragava o ar transformando-o em um brado carregado de feeling , por fim, todo o louvor sincero manifesto na canção que objetivava elucidar a senhora do tempo, foi finalizado com o encaixe de sua espada no abdômen do guerreiro enquanto ele ainda progredia para o refrão principal:

- Oh bendito guerreiro, me perdoe pela minha incapacidade de ouvir sua canção, não posso arriscar perder minha divindade em troca do cultivo dessa canção apaixonante, tenho objetivos maiores nessa guerra dos deleites, se eu permitisse que concluísse essa maravilhosa canção, certamente eu iria sucumbir diante de tamanho talento, renunciaria a minha divindade para ouvi-lo sempre que possível, portanto, irei ao encontro dos outros guerreiros para ajudá-los a vencer a batalha final, pois sem mim eles são incapazes, eles dependem do meu poder e eu dependo do choro e da submissão deles, sem eles não sei viver, aqueles belos guerreiros são o ar que eu respiro, agora pois, você já não me atrapalhará nesse guerra sangrenta – Dito isto, a senhora do tempo removeu sua espada do corpo do guerreiro, deitou-lhe cuidadosamente no chão ao lado de seu alaúde e partiu rumo ao seu objetivo de vencer a guerra ao lado daqueles frágeis combatentes.

A última canção do lendário guerreiro fora interrompida por um golpe impiedoso, tal guerreiro morreu em prol da ambição da senhora do tempo que o suprimiu até a morte para concretizar suas vontades, ela no entanto, venceu a guerra ritmada pelas notas do finado trovador que de modo afinado e terno gravou em seu coração as notas daquela última canção.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A veste venêrea.

Pronto para comemoração do vigésimo terceiro ano da senhorita Kimmi Yamamoto, o ponto de partida era um ponto de táxi situado num hotel na av. Oscar Porto, já dentro do táxi avistei através do retrovisor central um belo vestido prateado ultrajando uma robusta chinesa abrasileirada, ela desceu de seu carro para informar-se com o manobrista, nesse ato desci do táxi e fui auxiliá-la com meu “chinglês-aportugueisado”, ao me aproximar notei que na verdade era a bela Vanessa retirando os seus convites da confraternização para a qual eu me dirigia, da mesma maneira que eu não a reconheci por tamanho glamour, ela também não me reconheceu por ver meus sapatos reluzentes refletindo a minha longa barba, tal situação promoveu um encontro que a muito não ocorria, o taxímetro ficou ligado enquanto eu partia acompanhado da doce chinesa rumo ao local do evento situado numa travessa da Alameda Santos, nesse curto intervá-lo de distância pouco falei com a bela Vanessa, aquelas pernas grossas deixaram meus olhos ocupados e a boca inativa para verbalizar quaisquer pensamentos que não fossem referentes àquelas coxas bronzeadas. Já no local da festa, fomos recebidos por um curto vestido dourado que se projetava até as visões através de um pequeno corpo da fina beleza oriental, o brilho dos caracteres que ornavam aquele vestido prendia as belas moças que contemplavam essa esplendorosa veste, todavia, a diminuta proporção de tecido desse vestido permitia aos homens presentes que desvalorizassem o nobre trabalho do estilista para apreciarem o excelente trabalho do criador daquela bela japonesa, seu decote era demasiado sugestivo para perder para um simples pedaço de pano, com a sorte que me ocorreu, fiquei num ângulo privilegiado de fronte para as lindas moças que compunham esse evento, nelas vi e percebi o quão triste é para nós homens a correria da Grande São Paulo, essa correia contribui para que essas belas mulheres abstenham-se de ultrajar no cotidiano vestidos como aqueles que eu testemunhei naquela referida noite, vestidos que valorizam e realçam a sensualidade de tais moças, vejam, a correria das grandes metrópoles, por exemplo, metrô, trem, táxi, ônibus e até trechos a pé não colaboram para o conforto feminino, pois assim como dizia uma amiga estilista: "Vestidos sugerem sandálias ou salto alto, o que seria impraticável na correria do dia a dia", Portanto, cabe aos amantes da beleza feminina lamentarem e esperarem por ocasiões peculiares para contemplarem o efeito embelezador que o vestido causa, desse efeito decorre o desejo de querer despi-las, considerem assim o poder venêreo e irônico da veste que incita a despe.