sexta-feira, 16 de julho de 2010

Log book musical.

Um gênio da dramaturgia me disse com profunda propriedade que não havia ambiente mais místico, curioso, tenebroso, romântico, saudoso, triste, mágico e feliz que as entrelinhas de um belo hotel, mostrou-me na prática decisões valiosas e negociações determinantes realizadas em sofás de luxuosos lobbies, revelou os serviços de quarto extra-profissionais que garçons concediam à clientes carentes, disse de fantasias vivenciadas por camareiras no calar da madrugada ao usurpar a realidade de famosos hóspedes ultrajadas de vestes alheias e na contemplação de seus artefatos, mostrou que um recepcionista não poderia apenas dominar idiomas e sim também as técnicas terapêuticas freudianas para acalentar a dor dos forasteiros que fugiam da dor do amor mal correspondido (nesse caso mal é diferente de não), em bares e lobbies no interior de hotéis esplendorosos eram feitas grandes amizades, iniciavam-se grandes amores, tramas, planejamentos de crimes, toda ação humana que se poderia imaginar.

Ele resume tudo isso de modo fantástico, um bom ambiente hoteleiro pode ser resumido como um log book musical, um hotel é nada mais que uma boa peça musical, um hotel é um musical.

Antes de conceber tal pensamento, no meu primeiro dia como funcionário de um determinado hotel, senti o horroroso contraste ao perceber que a trilha sonora, o som ambiente das noites desse hotel era nada menos que música eletrônica e pop rock, não pude esperar por mais um dia sequer, audaciosamente me dei a liberdade de invadir a recepção e redeterminar a trilha desse território cinco estrelas, de modo apelativo iniciei com a diva Billie Holiday seguida de Otis Spann, T-Bone Walker e por fim o concertino de percussão em ré menor, obviamente não houveram objeções pois a harmonização foi instantânea.

A partir de então as loiras italianas climatizaram melhor seus curtos cabelos loiros com os lustres dourados do lobbie do hotel, os chefes africanos sentiram suas raízes expressas no ar, suponho que a sintonia entre ambiente e trilha tenha embelezado as insossas chinesas, "carismatizado" as rudes holandesas e revertido o negativo para o positivo em um todo, esse pequeno exemplo confirma a teoria de que um hotel com tais condições daria uma boa peça pra Broadway.

Hoje voltarei nesse hotel que trabalhei e tentarei ver se houve alguma influência deste na minha mais nova canção circense, pois como se não bastasse até delegações de clubes de futebol mostravam seu choro no fim de uma partida perdida nesse lobbie misterioso, bem como passavam madrugadas acordados comemorando a vitória num clássico regional, arrisco a dizer que além de um musical um bom hotel também é uma mesa redonda que aquece as tantas discussões que fervem o volúpio mundo dos boleiros, sei que foi numa noite embriagado nesse hotel que nasceu as primeiras estruturas melódicas de "Girl of Castle", talvez nos meus deleites sobre as pancadas que o Corinthians tomava nas tardes de domingo tenha saído os jargões que complementam meu rock de futebol.

10!


Amarguei por longos anos no Palmeiras a formação de elencos compostos por jogadores pífios, jogadores de baixa qualidade técnica, jogadores indignos do manto verde, contudo, conformava-me com a atual dificuldade do clube, eles na política do bom e barato conseguiram montar times medianos competitivos, mas o Palmeiras por sua grandeza não pode se manter na intermediária e sim no topo do ranking.

Mesmo com a chegada de Scolari, (o que nos deixa bastante otimistas por uma renovação para reassumirmos nosso posto imponente), o processo de restauração na academia palestrina será relativamente penoso e simultaneamente prático, é necessário que os palmeirenses exigentes tenham paciência com essa fase de restituição ministrada pelo senhor Luiz Felipe.

Quero alertar meus caros palestrinos a algo extremamente importante, peço-lhes pelo amor de Deus, do Diabo ou de qualquer entidade sobrenatural, que vós não sejais novamente coniventes ao desprezo que o clube teve nesse ano e no ano passado pela camisa 10, condeno totalmente o departamento de marketing, condeno o conselho palmeirense, condeno são Marcos, culpo à presidência e até esse indivíduo chamado de Cleiton Xavier, definitivamente Cleiton Xavier não dispõe de envergadura para figurar como maestro do glorioso Palestra, ele deveria se envergonhar de assumir tamanho encargo reconhecendo sua incapacidade, ele sequer teria condições de jogar no Palmeiras, mas é sabido que os clubes brasileiros de modo geral carecem de grandes craques, entretanto, no caso do Palmeiras é um verdadeiro pecado cometido contra si permitir que um jogador limitado ostente a camisa que foi utilizada por Ademir da guia nosso elegante divino, que foi honrada por Alex e sua regência celeste, houveram alguns que souberam defendê-la com afinco como o bom Juninho Paulista e dou destaque ao nosso majestoso Mago, Jorge Valdívia.

Na carência de gênios capazes de carregar essa pesada camisa 10 sugiro que a Sociedade Esportiva Palmeiras seja coerente em homenagear esses nomes que honraram o Palestra nobremente e retirem a camisa 10 na ausência de uma peça digna, já que a difícil fase do clube impede que se tenha em seu elenco um jogador com talento para o uso da 10, que não haja a 10 portanto, é extremamente vergonhoso para mim ver o modesto Claiton Xavier ultrajando o verde 10 que foi do magnífico Valdívia, como era bom ver a força do Animal com sua poderosa camisa 7, a calma de Evair em deslocar toda a zaga e o goleiro com sua eterna 9, o prazer de ver o desastre que o genuíno Alex causava no sistema adversário com sua maestria nota 10, e depois acordar e se deparar com uma fraude chamada Diego Souza, a mim ele nunca enganou, com o grosso futebol de Obina e Cia, mas meu principal alvo é sim Cleiton Xavier que não teve hombridade para renunciar o esplendor da camisa 10 Palmeirense, mas graças aos céus e aos deuses do futebol ele se foi, finalmente ele se foi, agora os palmeirenses cegos não mais destacarão um jogador nível futebol ucraniano, ver palmeirenses se iludirem com Sneijders e Cleitons é um verdadeiro desrespeito à academia mais respeitada e temida da história do futebol, até o rei Pelé a reverenciava e se rendia diante de tamanha arte.

Agora pois nos resta esperar pelo retorno do Mago para reescrevermos o futebol safado, intelectual, mágico, ele é um dos poucos que sobraram no planeta para carregar a 10, pois para ele esse é um fardo capaz de sustentar, mas caso ele não venha já começamos bem em ver Cleitons e Diegos longe do Palmeiras.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Vai deitar!


Por uma questão de disciplina meu irmão caçula escorava sua testa nas grades do portão visualizando a molecada correndo e batendo bola na rua, ele foi submetido a prisão domiciliar por indisciplina na escola.

Ao visualizar o tamanho do pranto de meu irmão por não poder brincar com as outras crianças, pus-me em seu lugar e imaginei-me caso fosse proibido de algo ou censurado por um poder maior.

Houvessem leis que proibissem-me de tocar minha harmônica e de compor meus carnavais, certamente seria um criminoso fora da lei.

Houvesse um Deus que proibisse o jogo de futebol, não podendo assim prestigiar o alviverde ou de bater uma pelada, certamente eu seria um blasfemo.

Houvessem oligarquias que ditassem hierarquias racias certamente eu seria perseguido.

Pais que censurassem escolhas, seria um filho pródigo.

A verdade é que houveram muitos líderes exilados, mártires, rebeldes, revolucionários que foram vítimas de ameaças, chantagens, agressões, personalidades que tiveram suas vontades suprimidas por uma força maior, impedidos no seu livre arbítrio, não sei ao certo o que é ter uma expressão suprimida, nem tão pouco passei vontade por proibissão externa, mas o semblante do meu irmão representou bem a dor de conter o desejo sufocado por uma força maior.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Login


Aos opositores do termo “mídia”, aos militantes que se opõem à mídia “alienadora” e sensacionalista, sugiro que revejam o conceito de mídia, afinal mídia abrange definições que qualifica todo e quaisquer veículo de comunicação bem difuso e não apenas as grandes emissoras de televisão, partindo dessa premissa , vale destacar que a principal grande mídia dos dias atuais, que pode ser chamada também de mídia do futuro, trará condições de onipotência para todos os seres de baixo do sol; quando digo grande mídia me refiro à internet e suas fantásticas ferramentas, hoje, quaisquer indivíduo pode se gabar de deter de primoroso poder de mídia similar ao das grandes redes de televisão, as poderosas rádios difusoras de décadas atrás sucumbiram diante de micro rádios em quartos de adolescentes que exibem seus programas aos cinco continentes, o mercado artístico ampliou-se graças a compactação do mundo através da internet, esse fenômeno permite aos que estão antenados à essa realidade concretizar valores e projetos de infinitas possibilidades, do áudio visual à arte plástica, de poemas de amor ao mercado negro da pedofilia, do comércio de galinhas em granjas a dispositivos eletrônicos, em outras palavras, a internet é uma dádiva que veio pra igualar condições , e credito à ela a positiva perspectiva que tenho para meus tantos projetos de cunho artístico, cultural e social ministrados através da música.

Ao conceber esse ponto de vista, imagino quais sejam as alternativas de adaptações da mídia convencional a fim de acompanhar o avanço da grande mídia, vale exemplificar que as tele-novelas por uma questão de tempo extinguiram com as rádio-novelas , suponho que a adequação das redes televisivas se fazem emergentes por conta do atual cenário digital que globalizou e ferveu com interesses do grandioso mercado capitalista.

O programa Login transmitido pela TV Cultura de sengunda à sexta-feira às 19h mostra a necessidade de veículos de comunicação em aderir as concessões da web, um programa que já está antenado e atendendo a essa modernidade indispensável, compartilha de curiosidades exibidas na rede e dá boas dicas de entretenimento cultural, traz também dicas de ferramentas super interessantes e suas inúmeras funções dentro de diversos sites, um programa de utilidade pública e conscientizador, dispõe de informações educativas que atinge todas faixa etárias, esse agradável programa em breve se popularizará em toda juventude brasileira.

Login é apresentado pelo belo, carismático e excelente apresentador Fábio Azevedo, ele conduz o programa de modo receptivo e descontraído, posicionando-se sempre em interagir com os tele expectadores, entretanto, quero destacar a estratégia apelativa da produção do Login, a produção com enorme astúcia a fim de hipnotizar e render os expectadores suscetíveis ao poder da beleza feminina, colocou a doce menina Youssef para protagonizar, ela de modo pueril prende os expectadores e garante a presença desses até o fim do programa, Roberta Youssef munida de um visual cativante nos conforta com seu agradável timbre de voz e de maneira injusta nos impede de trocar de canal, pois inexplicavelmente não conseguimos deixar de contemplar a espontaneidade de seu belo sorriso.

É comum em programas de TV utilizarem de belas moças objetivando atingir o topo da audiência através da beleza feminina, no caso do Login não poderia ser diferente, saliento porém, que essa abordagem através da nobre Robertinha foi o exemplo extraordinário desse referido apelo, pois não há apresentadora, panicat, dançarina ou paquita que consiga ofuscar a composição geral do poder estético de Roberta Youssef.

Grato à produção pelo belo Programa.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Riding with the King


Por excelência, o universo está em suma decomposição.
Sua saga garante que ele sempre ali estará.
Eu nele menor que um grão de areia, clamei por mais alguns minutos, afinal estávamos ouvindo o "Riding with the King".
Ela disse que não e se foi ao suposto ensaio.
Eu pensei, céus e terra passarão, e voltei à faixa número 5 (Three O'Clock Blues).

Electric Mud.


Eu perguntei a ela que álbum era aquele, ela me respondeu:

- É o Electric Mud.

- Não?

- Sim! Você Quer?

- Sim, sim, eu quero!

- Então venha pegar !

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Eu gosto é do caos.


As indicações de forasteiros acerca da cidade de São Paulo retratam melhor os bons adjetivos da cidade, qualidades que muitas vezes são pouco observadas pelos residentes da capital paulista, características e vantagens que passam
desapercebidas pela população paulistana e que são bem contempladas pelos que são de fora, todavia, basta o paulistano se distanciar da região metropolitana que curiosamente ele sentirá a falta do caos, do bendito caos do qual não conseguimos nos desprender.

Imagine um culto de louvor e adoração ao rock and roll, onde o púlpito é um estaleiro num enorme rancho na cidade buritamense, estaleiro que configura o imenso rio Santa Bárbara, (ramificação do Tietê) e que serve de palco para a serena pescaria num belo cenário da natureza, pescaria composta por três koolers recheados de cerveja gelada e por um rádio de pilhas sonorizando o amplo horizonte a base do bom classic rock, tudo isso progride sob a regência do lendário Ocimar, camarada genuinamente palmeirense que durante a amistosa pescaria me orienta acerca das interioranas disponíveis para interação na noite que estaria por vir após a harmoniosa tarde com o céu, terra e rio, clima perfeito a beira do Tietê, entretanto, trocaria tudo isso por alguns minutos de trânsito na marginal Tietê a fim de ter o samba nas casas de angola acompanhado de meus irmãos, trocaria o ar puro pelos salões esfumaçados da grande São Paulo que revela talentos do rock, trocaria a aconchegante rede sob a sombra dos pomares por alguns minutos a pé sob o luar da marginal Pinheiros com destino ao Jazz que me é negado.

Ignorem a gastronomia, a arquitetura dos arranha céus, a fina garoa e a estrutura dos grandes centros artísticos, a verdade é que eu gosto é do caos.

Welcome to the Sampa.