segunda-feira, 18 de outubro de 2010

YYZ

Não foi possível destrinchar a política da elegante arte contemporânea na vigésima nona Bienal de São Paulo, nessa excepcional avaliação contemplativa nos foi revelado o desabafo apolítico esboçado em belas obras, no mesmo tom, também foi concretizado a pró-posição à arte política, nesses dois pólos os tantos rostos dos autores estavam de alguma maneira ali presentes, essa percepção da presença do autor em suas criações artísticas é quase sempre que indissociável, raramente o artista se desvincula de suas obras.

A arte em suas tantas formas é um veículo de externar ao mundo a posição do manifestante.

A arte plástica em sua força visual, carrega em si um enredo difuso, silencioso e de profunda introspecção, contudo, não se exime do caráter manifestante. A arte cinematográfica transporta consigo esse valioso legado configurado de maneira mais abrangente, com a vantagem de reunir diversos gêneros artísticos em seu produto final.

A arte em prosa, em poesia, conotativa ou denotativamente quando posta em música se torna uma arma perigosa, é o modo mais incisivo de se fazer arte, é uma ameaça ao estado, é o tributo do trovador.

Todas essas composições artísticas argumentam através do corpo, da imagem, da mensagem codificada em sinais gráficos, conseguem portanto garantir a assimilação do conteúdo proposto na obra, elas também vêm de modo intenso quando miram os ouvidos, através da audição em alguns casos, a poesia é dispensável, o instrumental por si só se sustenta com persuasão contundente, basta ver a dor dos jazzeiros de Nova Orleans tangida em seus instrumentos tradicionais, se ainda assim todo amor contido na sinfonia do traditional jazz não for compreendido, proponho então que desistam, pois assim como a morte, se trata de um caso sem esperança, onde a luz verde se extingue diante da charada indecifrável.

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