sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Welcome

Em determinado parágrafo do estatuto da política da boa vizinhança é determinado aos antigos moradores a visita destinada aos moradores recém-chegados, nessa visita é imprescindível que o visitante leve consigo um presente de boas vindas para garantir o êxito na tentativa de um relacionamento amigável com o novato.

Esse conceito não foi respeitado por mim na tarde de ontem, foram quase três semanas para que eu enfim saudasse a nova vizinha, na verdade seria muito mais tempo não fosse a inspiração causada pelo piano Rhodes de “Menininha do portão” de Maria Rita, minha ação de aproximação surgiu através dos versos dessa canção, por mais que ela aparentasse ter cinco anos de vida a mais do que eu, eu queria dizer a ela – “Menininha sai do portão, vem também brincar, vem pra roda me dê a mão traz o seu olhar, todo dia no seu portão vejo seu olhar, e eu pego a harmônica faço versos feito um trovador, quem sabe então você me dê, me dê o seu amor”

Não passei vontade e fui, fui pelo caminho inverso do protocolo, fui de mãos vazias, na verdade fui com o pretexto de conseguir algumas pedras de gelo para meu Uísque, não demorou para que ela atendesse o meu chamado através de intensas palmas, ela surgiu surpresa porém vulnerável, não vi sintomas defensivos, eu com pouca delicadeza sequer a cumprimentei, fui direto ao ponto antes mesmo que ela se aproximasse, ela pois então deu uma volta de 180 gruas e voltou para buscar os meus cubos de gelo, já de volta com duas formas de gelo nas mãos, ela abriu o portão, e calada me estendeu as formas, eu as peguei e disse:

- Seja bem vinda! Irei retribuir sua generosidade, com suas pedras de gelo irei lhe prepara um drink de sua preferência, basta dizer que eu faço.

- Oh muito obrigada! É um prazer, nesse caso não irei recusar, uma caipirinha cairia bem.

- Sendo assim, você tem a opção de participar da nossa confraternização familiar, lá em minha casa, ou se preferir eu trago sua caipirinha até aqui.

Ela alegou timidez, preferiu que eu levasse a caipirinha em sua casa, após isso, eu já com meu copo de Uísque em uma mão e um taça de caipirinha na outra, não pude bater palmas a fim de chamá-la, não pude também gritar pelo seu nome, afinal não havíamos nos apresentado, mas ela com enorme instinto surgiu enquanto eu ainda refletia sobre esse impasse, com graciosidade incomum ela pegou sua caipirinha com a mão esquerda e com a mão direita estendida disse-me seu nome, eu peguei em sua quente mão estendida e a esfriei com a minha gélida e disse meu nome:

- Prazer! Correia, Ronaldo Correia.

Com as mãos ainda entrelaçadas, senti potencial nessa moça e vi justiça em convidá-la para ir ao Pacaembu em minha companhia ver o Verdão castigar o frágil Aavaí, ela recusou o meu convite por enxergar de modo tricolor e me alertou:

Cuidado hein! Esse time aí, o Avaí, é um capeta!

Hoje ainda pela manhã e deixei-lha um recado manuscrito:

- Cuidado Hein, Esse Valdívia aí, o Mago, é o Capeta!

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