quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sinfoniaria

Em comissões que discutem a inserção da arte e da cultura em todos os meios, modelos e instantes da vida cotidiana de uma sociedade moderna é possível visualizar uma vida em oposição à monotonia, seria a extinção do tédio, certamente veríamos todos os prédios acadêmicos implodidos e reerguidos para demandar o novo modelo de liberdade artística, os docentes que lecionam capitais e tabuadas às nossas crianças seriam transferidos de suas funções robóticas a cargos vívidos e desafiadores, nossos adultos e crianças aprenderiam a criar, todo o ser racional dominaria o conceito de criação, seria um mundo engenhoso apreciador da criatividade concreta, seriam vinte e quatro horas diárias de possibilidades improváveis e sem limites, existiriam fábricas de produtos duvidosos que seriam consumidos em demasia e sem hesitação, Jimmy Page certamente abriria uma fábrica de sinfonias, corpos vivos se readequariam por conta da enorme quantidade de calorias que seriam queimadas, haveriam marchinhas juninas, quadrilhas setembrinas, árvores frutificariam dinheiro e teríamos que criar um novo regime monetário, seria o fim de regimes e o surgimento da igualdade.

O fato é que essas comissões não existem, o que torna a realidade fantasiada nessa suposta comissão distante e improvável, por isso, tenho que levar meu irmão mais velho ao jazz enquanto há tempo, me vejo obrigado a levar minhas cunhadas a um passeio de zepelim em uma noite de domingo para que todos que estiverem por debaixo dessa embarcação que flutua por sobre as ondas das nuvens britânicas vejam seus leds luminosos que enfeitam o firmamento noturno assim como a imponente camisa verde limão que dominou as arquibancadas brasileiras.

Enquanto me houver a possibilidade de criar, enquanto eu compreender o poder e a graça da criação estarei livre de paradigmas e do falso brilho no olhar, brilho este encontrado apenas em refugiados da missa que se acomodam em um confortável sofá em noites de domingo a fim de apreciarem o “show da vida” enquanto se saboreia um delicioso prato com achocolatado em pó e leite condensado.

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