terça-feira, 10 de maio de 2011

Desilusão

Quase que diariamente me confronto com o descompasso do “ontem” em relação ao “hoje”, suponho que se trata da contínua assimilação das ininterruptas invenções humanas, as novas considerações apreendidas diariamente se envergonham dos conceitos defasados da noite anterior, junto com essa arritmia dessas positivas absorções que são rapidamente eliminadas por novos sabores vem também a decepção com a estruturação padrão de quase todos os órgãos estabelecidos em sociedades civilizadas, o que dizer de nossos educadores que repousam em paradigmas obsoletos e que contraditoriamente se abstêm das fontes de raiz que deram origem a essência da matéria ensinada? Por conta de vários exemplos negativos na desarmoniosa constituição da verdade e até da mentira residente em nossos aparelhos sociais nos deparamos com freqüentes desilusões, nos deparamos com benéficas desilusões que nos possibilitam alçar vôos mais altos, afinal, o que realmente está errado nos conceitos tidos por exatos é a alienação produzida por essa exatidão incontestável e seguida cegamente.

Assim digo, o mundo tem que parar de avançar, caso contrário não poderei encará-lo de frente, pois não terei tempo suficiente para alcançá-lo.

Imagine você pobre mortal, como poderia entender a pentatônica da harmônica blues não fosse a criação instituída por Little Walter?

Foi um péssimo erro descobrir John Paul Jones enquanto pianista sintético, quem mais poderia criar “No Quarter”? Ele transpassou a lógica e fez jus aos seus poderosos parceiros de palco possuidores de maestria equivalente.

Hoje posso contemplar memórias graças aos admiráveis inventores de sinais gráficos, veja, como poderia contemplar algo sem conhecer o “CE”, o “O”, o “ENE”, o “TE”, o “E”, o “EME”, o “PE”, o “ÉLE”, o “A” e o “ERRE”?

Ao meditar sobre aquela idéia fixa que teima em sair, percebo que as recorrentes novidades apreendidas dão força a ela ao invés de expulsá-la, só não me perturbo com essa teima pois ainda não assimilei algo de tamanho superior à essa idéia fixa, no dia dessa assimilação terei envergadura para expurgá-la.

Essa crescente que é inerente ao ser é bastante confusa, quer seja em movimento ou estagnado o espírito não para de ascender, arrisco a dizer que quando estacionado a chama queima mais intensamente, o que permite dizer que o corpo dispõe de ação autônoma, mesmo sem percebermos estamos em frequente atividade.

Então que venham as desilusões, ainda que dance eu e dance você na dança da solidão, acreditem, não estamos sozinhos, basta olharmos pro lado e veremos milhares e milhares de inventores.

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