terça-feira, 17 de maio de 2011

Me versus Eu

É Possível sim resgatar elementos eliminados pelo tempo, me refiro a elementos úteis, inúteis em situações passadas, mas que teriam valiosa serventia se dispostos em futura situação, onde tais elementos se enquadrariam com os requisitos exigidos pela situação nova, afinal, no arquivo da subconsciência não existe “delete”, lá tudo está, arquivos bem armazenados e protegidos por selos violáveis, vale então dizer que os desejáveis elementos outrora dispensáveis, na verdade não foram eliminados pelo tempo, mas sim selados e protegidos pelo subconsciente a fim de protegê-los de usuários ainda incapazes de manipulá-los, portanto, os selos de proteção postos sobre os poderosos “cofres da lembrança” serão abertos apenas quando o invasor dispor de condições para derrotar o sábio guardião dos cofres submersos nas profundezas do subconsciente.

A forte musculatura combinada com a eficiência do aparelho respiratório que abastecia velozes pulmões aliados ao sísmico sistema cardiovascular que impulsionava um perfeito fluxo sanguíneo, dava um belo rubor a branca pele da tímida menina, na mesma condição jovial, essa sincronia do organismo adolescente dava um excelente brilho aos meus antigos cabelos lisos e negros, todo esse vigor estético próprio da jovialidade alimentava minha perfeita visão de águia, com ela eu visualizava o sorriso da menina, uma visão tão poderosa que me permitia ouvir o sabor de seus lábios, entretanto, a força dessa visão vulcânica cegava-me dentro daquela embarcação, não conseguia enxergar a cor dos mares de Bertioga pelos quais planávamos, nem tampouco me recordo da configuração arquitetônica daquele porto medieval, suponho que esse perdido cenário me seria bastante útil na profana noite pentecostal do blues protagonizado por mim e alguns artilheiros dias atrás na vila de Paranapiacaba.

A florescente camiseta amarela em mim trajada durante o festivo luau dos gentis no estaleiro Santa bárbara iluminava o circulo de expectadores, refletia no rio noturno, mas não foi capaz de atrair a atenção da “nobile paranaense”, até os meus iluminados cabelos modelados em gel não bastaram para submetê-la à minha ilusão ali lançada, creio que o meu hoje tom de voz grave seria mais eficiente na busca de ludibriá-la do que aquele júbilo coletivo agúdo que cantava pérolas da música popular brasileira.

Más lembranças me convenceram a desistir de tentar derrotar o guardião dos cofres do subconsciente a fim de remover os selos que me revelarão ciências escapadas em épocas passadas, irei por um caminho menos perigoso, buscarei primeiro a plenitude financeira para ter condições de suborná-lo durante o embate caso eu venha fraquejar, é possível que essas propinas concedidas me poupem de um duelo desnecessário e me levem direto ao desejado rompimento do véu.

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