Seguradoras de automóveis têm por princípio estabelecer critérios e valores mais rigorosos em contratos firmados com jovens entre dezoito e vinte e nove anos, nessa faixa etária a tendência de acidentes é enorme, muitos desses jovens baladeiros após saírem embriagados de baladas (“balada”, que termo horrível) tendem a se arriscarem mais, é comum nessa fase de descobertas saírem eletrificados com estrondosas ondas sonoras e batidas que eles erroneamente classificam como música, a filosofia de tais jovens (não medimos nem tempo e nem medo) assustam as seguradoras, por falar em morte e acidentes, vamos falar de mortes honrosas, o sacrifício de Jesus Cristo no calvário é certamente uma das mortes mais marcantes da história da humanidade, mortes que envolve auto sacrifício ou martírio por uma causa geralmente são mortes memoráveis e merecedoras de homenagens, poderíamos enumerar uma série de grandes personagens históricos e míticos merecedores de tributos por conta de seus feitos, mesmo respeitando os honoráveis personagens épicos, continuo preferindo o gesto que culminou na morte de Sonny Boy Williamson, o esforço exagerado que ele utilizou para salvar a mulher que se afogava no rio Mississipi me enche de orgulho, todo esse pensamento me ocorreu por causa de um acidente de carro que sofri com um certo camarada, não morremos por sorte, um acidente fatal, nos salvamos por muito pouco, foi a primeira vez em que senti a morte de perto, tal ocorrido foi tratado com muito bom humor por um certo camarada, ele utilizou de minhas palavras e disse que se porventura eu morresse nesse acidente eu seria severamente punido quando o encontrasse no mundo dos mortos, a punição seria por conta da desonrosa morte, alegou que morte em acidente de carro é coisa de baladeiro deslumbrado, e ainda emendou com enorme eloqüência, “ Correia meu caro, você morrerá esfaqueado por uma namorada ciumenta, por uma bala perdida em uma de suas inspeções no Pernambuco, ou coisas assim”, dito isto, ri abusivamente dessa sábia referência atribuída a mim.
Como você gostaria de morrer?
Já ouvi sábias respostas dada à essa pergunta, uma pergunta que sei responder, gostaria de morrer no limite da minha condição física, bem velho, deixando o meu legado para meus filhos, sem remorsos ou arrependimentos, uma morte súbita, porém não trágica.
A irremediável morte nos leva a imaginar como será o pós morte, há teorias sobre um lago de fogo que arde com enxofre, muitos serão lançados nesse lago para o tormento eterno, falam acerca de uma nova Jerusalém celeste onde seus afortunados residentes se deleitarão eternamente nas bodas do Cordeiro, essas são as explicações mais famosas sobre a realidade reservada aos mortos, se elas são reais não estou na condição de garantir e nem de crer, não sei ao certo o que me reserva quando eu me despedir do meu corpo terreno, talvez eu me depare com o nada, talvez minha consciência se extinga , gostaria de poder continuar consciente e ascendente numa vida após a morte, os meus prováveis cinqüenta e três anos que me restam são poucos para entender o prazer, atender a paixão, com eles certamente virão muitas dores, surpresas, nessa evolução contínua eu não me permito me acostumar comigo mesmo, nem com ela, nem com elas, quero surpreendê-las, quero ser surpreendido, quero a cada dia admirar, ser admirado, sem parar no tempo, com meus irmãos e irmãs que me ensinam a tecer o amor enquanto se ainda vive, são eles que queria encontrar quando morrer, quero evoluir ao lado deles num cenário multi físico, sou a favor da eternidade, contudo, fatalmente não sei se será possível continuar, não se sabe quem é que regi essa magnífica realidade inexplicável.
Não se sabe!
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