Não foi possível destrinchar a política da elegante arte contemporânea na vigésima nona Bienal de São Paulo, nessa excepcional avaliação contemplativa nos foi revelado o desabafo apolítico esboçado em belas obras, no mesmo tom, também foi concretizado a pró-posição à arte política, nesses dois pólos os tantos rostos dos autores estavam de alguma maneira ali presentes, essa percepção da presença do autor em suas criações artísticas é quase sempre que indissociável, raramente o artista se desvincula de suas obras.
A arte em suas tantas formas é um veículo de externar ao mundo a posição do manifestante.
A arte plástica em sua força visual, carrega em si um enredo difuso, silencioso e de profunda introspecção, contudo, não se exime do caráter manifestante. A arte cinematográfica transporta consigo esse valioso legado configurado de maneira mais abrangente, com a vantagem de reunir diversos gêneros artísticos em seu produto final.
A arte em prosa, em poesia, conotativa ou denotativamente quando posta em música se torna uma arma perigosa, é o modo mais incisivo de se fazer arte, é uma ameaça ao estado, é o tributo do trovador.
Todas essas composições artísticas argumentam através do corpo, da imagem, da mensagem codificada em sinais gráficos, conseguem portanto garantir a assimilação do conteúdo proposto na obra, elas também vêm de modo intenso quando miram os ouvidos, através da audição em alguns casos, a poesia é dispensável, o instrumental por si só se sustenta com persuasão contundente, basta ver a dor dos jazzeiros de Nova Orleans tangida em seus instrumentos tradicionais, se ainda assim todo amor contido na sinfonia do traditional jazz não for compreendido, proponho então que desistam, pois assim como a morte, se trata de um caso sem esperança, onde a luz verde se extingue diante da charada indecifrável.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Dazed and Confused.
Contraponho o provérbio que diz que mente vazia é oficina do Diabo, mente vazia é usina do Senhor, fábrica de paz, quantos seres vítimas de tragédias almejam por lobotomia, por uma borracha que apague as tristes lembranças, por esvaziar a mente e repousar na paz divina, as questões divinas de tão abundantes requerem muito espaço em HD, é necessário desocupar a cabeça deixando-a completamente oca com espaço suficiente para os equipamentos de fabricação de paz, alegria e prosperidade.
Oficina do Diabo é o palácio do planalto, a casa branca, a assembléia geral da ONU; ora, Belzebu é um ser milenar que acompanhou todo o processo do plano divino através do séculos, assim, ele busca instaurar-se em ambientes ricos em sabedoria, procura alojar-se em mentes atordoadas e confusas, mentes sobrecarregadas e ocupadas. Mal aventurado é aquele que assentou-se à roda de anciões de raça gentil, desgraçado é aquele que viajou pelo tempo e o espaço, malditos são aqueles que receberam a revelação através da canção de línguas, infortúnios são os que compõem a esquadrilha dos impiedosos, receio que o príncipe das trevas queira relacionar-se com esses infelizes, esses sim estão distantes da paz; assim como o Diabo esses aprenderam a refletir sobre questões irrespondíveis, contraditoriamente aprenderam a respondê-las, aprendizado pesado produtor de ambição, nostálgico produtor de saudade.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Riversampa
A pronúncia fechada gutural da letra “E” quando dita separadamente identificada como vogal, foi posta em cheque pela preferência da pronúncia aberta penetrante, ou seja, há quem prefira dizer letra “ê” e há quem prefira dizer letra “é”, essa foi a discussão da vez do meu reencontro com Larissa Conforto, ressaltando que essa foi a primeira vez que nosso duelo de dialetos e sotaques foram disputados em arena paulistana, há coisas que não mudam com o tempo, estamos sempre em oposição, o destino quando nos põe de frente também coloca Palmeiras e Botafogo, ironicamente dessa vez pôs Botafogo e Palmeiras, quando estamos lá, eles estão a cá, quando estamos aqui eles se vão pra lá, assim como em nossos sinistros debates, Botafogo e Palmeiras sempre empatam nesse choque entre o Paulista e a Carioca.
O desconforto de ter que correr improvisadamente para encontrar a senhorita Conforto foi compensado, valeu renunciar certos compromissos para atender o súbito chamado via scrap deixado pela mãe da forasteira que anunciava a busca de sua filha por aventura na capital paulista, valeu, valeu para matar a saudade, saudade saciada na calçada, foram quarenta minutos de intervalo entre a mensagem e o abraço do reencontro, volto a dizer que há coisas que o tempo não muda, bem como seu marcante perfume.
Restou-me assisti-la em plena ascensão, abençoada pelo tempo em valores estéticos.
Esplendorosamente, a garoa, marca registrada da terra dos arranha céus, prestigiou-nos por alguns minutos para climatizar as benditas cinco horas de harmonia entre a arte forjada em sua pele e a irada barba contrastada com a careca umedecida pelas gotas do sereno, os presentes desconhecidos ao redor, pareciam saber de quem se tratava, a todo instante éramos interrompidos por propostas que nos surgiam de todos os lados, algumas aceitas, outras recusadas, e assim retomávamos o clímax do enredo ali discutido.
Harmonioso bate-boca encerrado no táxi, Larissa Ventura rumo a turnês internacionais e Ronaldo Vinil intercedendo aos deuses do blues por bênçãos, que Eles a abençõe nessa nova maratona no norte do continente.
Até o próximo confronto
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Welcome
Em determinado parágrafo do estatuto da política da boa vizinhança é determinado aos antigos moradores a visita destinada aos moradores recém-chegados, nessa visita é imprescindível que o visitante leve consigo um presente de boas vindas para garantir o êxito na tentativa de um relacionamento amigável com o novato.
Esse conceito não foi respeitado por mim na tarde de ontem, foram quase três semanas para que eu enfim saudasse a nova vizinha, na verdade seria muito mais tempo não fosse a inspiração causada pelo piano Rhodes de “Menininha do portão” de Maria Rita, minha ação de aproximação surgiu através dos versos dessa canção, por mais que ela aparentasse ter cinco anos de vida a mais do que eu, eu queria dizer a ela – “Menininha sai do portão, vem também brincar, vem pra roda me dê a mão traz o seu olhar, todo dia no seu portão vejo seu olhar, e eu pego a harmônica faço versos feito um trovador, quem sabe então você me dê, me dê o seu amor” –
Não passei vontade e fui, fui pelo caminho inverso do protocolo, fui de mãos vazias, na verdade fui com o pretexto de conseguir algumas pedras de gelo para meu Uísque, não demorou para que ela atendesse o meu chamado através de intensas palmas, ela surgiu surpresa porém vulnerável, não vi sintomas defensivos, eu com pouca delicadeza sequer a cumprimentei, fui direto ao ponto antes mesmo que ela se aproximasse, ela pois então deu uma volta de 180 gruas e voltou para buscar os meus cubos de gelo, já de volta com duas formas de gelo nas mãos, ela abriu o portão, e calada me estendeu as formas, eu as peguei e disse:
- Seja bem vinda! Irei retribuir sua generosidade, com suas pedras de gelo irei lhe prepara um drink de sua preferência, basta dizer que eu faço.
- Oh muito obrigada! É um prazer, nesse caso não irei recusar, uma caipirinha cairia bem.
- Sendo assim, você tem a opção de participar da nossa confraternização familiar, lá em minha casa, ou se preferir eu trago sua caipirinha até aqui.
Ela alegou timidez, preferiu que eu levasse a caipirinha em sua casa, após isso, eu já com meu copo de Uísque em uma mão e um taça de caipirinha na outra, não pude bater palmas a fim de chamá-la, não pude também gritar pelo seu nome, afinal não havíamos nos apresentado, mas ela com enorme instinto surgiu enquanto eu ainda refletia sobre esse impasse, com graciosidade incomum ela pegou sua caipirinha com a mão esquerda e com a mão direita estendida disse-me seu nome, eu peguei em sua quente mão estendida e a esfriei com a minha gélida e disse meu nome:
- Prazer! Correia, Ronaldo Correia.
Com as mãos ainda entrelaçadas, senti potencial nessa moça e vi justiça em convidá-la para ir ao Pacaembu em minha companhia ver o Verdão castigar o frágil Aavaí, ela recusou o meu convite por enxergar de modo tricolor e me alertou:
Cuidado hein! Esse time aí, o Avaí, é um capeta!
Hoje ainda pela manhã e deixei-lha um recado manuscrito:
- Cuidado Hein, Esse Valdívia aí, o Mago, é o Capeta!
Esse conceito não foi respeitado por mim na tarde de ontem, foram quase três semanas para que eu enfim saudasse a nova vizinha, na verdade seria muito mais tempo não fosse a inspiração causada pelo piano Rhodes de “Menininha do portão” de Maria Rita, minha ação de aproximação surgiu através dos versos dessa canção, por mais que ela aparentasse ter cinco anos de vida a mais do que eu, eu queria dizer a ela – “Menininha sai do portão, vem também brincar, vem pra roda me dê a mão traz o seu olhar, todo dia no seu portão vejo seu olhar, e eu pego a harmônica faço versos feito um trovador, quem sabe então você me dê, me dê o seu amor” –
Não passei vontade e fui, fui pelo caminho inverso do protocolo, fui de mãos vazias, na verdade fui com o pretexto de conseguir algumas pedras de gelo para meu Uísque, não demorou para que ela atendesse o meu chamado através de intensas palmas, ela surgiu surpresa porém vulnerável, não vi sintomas defensivos, eu com pouca delicadeza sequer a cumprimentei, fui direto ao ponto antes mesmo que ela se aproximasse, ela pois então deu uma volta de 180 gruas e voltou para buscar os meus cubos de gelo, já de volta com duas formas de gelo nas mãos, ela abriu o portão, e calada me estendeu as formas, eu as peguei e disse:
- Seja bem vinda! Irei retribuir sua generosidade, com suas pedras de gelo irei lhe prepara um drink de sua preferência, basta dizer que eu faço.
- Oh muito obrigada! É um prazer, nesse caso não irei recusar, uma caipirinha cairia bem.
- Sendo assim, você tem a opção de participar da nossa confraternização familiar, lá em minha casa, ou se preferir eu trago sua caipirinha até aqui.
Ela alegou timidez, preferiu que eu levasse a caipirinha em sua casa, após isso, eu já com meu copo de Uísque em uma mão e um taça de caipirinha na outra, não pude bater palmas a fim de chamá-la, não pude também gritar pelo seu nome, afinal não havíamos nos apresentado, mas ela com enorme instinto surgiu enquanto eu ainda refletia sobre esse impasse, com graciosidade incomum ela pegou sua caipirinha com a mão esquerda e com a mão direita estendida disse-me seu nome, eu peguei em sua quente mão estendida e a esfriei com a minha gélida e disse meu nome:
- Prazer! Correia, Ronaldo Correia.
Com as mãos ainda entrelaçadas, senti potencial nessa moça e vi justiça em convidá-la para ir ao Pacaembu em minha companhia ver o Verdão castigar o frágil Aavaí, ela recusou o meu convite por enxergar de modo tricolor e me alertou:
Cuidado hein! Esse time aí, o Avaí, é um capeta!
Hoje ainda pela manhã e deixei-lha um recado manuscrito:
- Cuidado Hein, Esse Valdívia aí, o Mago, é o Capeta!
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A oculta São Paulo
As razões do meu chauvinismo pela capital paulista e por algumas extensões da grande São Paulo me foi revelada sob a ótica das lentes do fantástico filme de direção de Fernando Meirelles “Blindness”, é a primeira vez que pude apreciar a bela São Paulo numa proporção holliwoodiana, sinceramente, Ensaio Sobre A Cegueira mostrou-me as crônicas ocultas na geografia de nossos edifícios, na arquitetura do nosso relevo bonito por natureza, diria até que muito em breve isso será uma tendência, o Brasil estará em evidência nesse período de preparação pra copa 2014, em virtude disso, o mundo irá se ver em São Paulo, Italianos se identificarão com a Moca, Japoneses se emocionarão com o bairro da Liberdade, pressuponho que não há melhor metrópole no mundo que tenha em si tantos caracteres que atendam a diversidade de requisitos de todos os gêneros possíveis, isso para qualquer segmento artístico.
Em São Paulo se encontra as melhores pessoas do mundo, aqui aprendi a técnica de origami com a mais linda mestiça oriental da América do sul, aqui se joga o melhor futebol de salão do mundo, ou pra quem preferir futsal, o nosso maldito trânsito configurado por loucos nos ensina métodos de pilotos de fuga, é o único lugar do mundo onde se pode usufruir de todas as estações do ano em um único dia, temos o CEAGESP, um prato cheio pra quem gosta de alface, tomate e peixe fresco, nossas pizzas são mais apimentadas do que as de Veneza, daqui saiu Adoniran, aqui estão os principais artistas retirantes do belo nordeste brasileiro.
Por tudo isso, lamento a não liberação das canções da banda Led Zeppelin para trilhas sonoras, os arranjos compostos por Jimmy Page são verdadeiras trilhas para filmes de todos os gêneros, vai do místico ao contemporâneo, vai da ação frenética ao romance dramático, as composições do Led Zeppelin são assim como a cidade de São Paulo, nasceram para figurar nas telas de cinema, no entanto, em raras vezes aparecem por lá, essa é uma realidade que me entristece e que me inspira, quando eu concretizar alguns projetos culturais prioritários dentro da música, irei me voltar pra grande São Paulo e fundirei em minhas crônicas de modo sincronizado as canções cantadas por Robert Plant.
Aguardem.
Em São Paulo se encontra as melhores pessoas do mundo, aqui aprendi a técnica de origami com a mais linda mestiça oriental da América do sul, aqui se joga o melhor futebol de salão do mundo, ou pra quem preferir futsal, o nosso maldito trânsito configurado por loucos nos ensina métodos de pilotos de fuga, é o único lugar do mundo onde se pode usufruir de todas as estações do ano em um único dia, temos o CEAGESP, um prato cheio pra quem gosta de alface, tomate e peixe fresco, nossas pizzas são mais apimentadas do que as de Veneza, daqui saiu Adoniran, aqui estão os principais artistas retirantes do belo nordeste brasileiro.
Por tudo isso, lamento a não liberação das canções da banda Led Zeppelin para trilhas sonoras, os arranjos compostos por Jimmy Page são verdadeiras trilhas para filmes de todos os gêneros, vai do místico ao contemporâneo, vai da ação frenética ao romance dramático, as composições do Led Zeppelin são assim como a cidade de São Paulo, nasceram para figurar nas telas de cinema, no entanto, em raras vezes aparecem por lá, essa é uma realidade que me entristece e que me inspira, quando eu concretizar alguns projetos culturais prioritários dentro da música, irei me voltar pra grande São Paulo e fundirei em minhas crônicas de modo sincronizado as canções cantadas por Robert Plant.
Aguardem.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Vintage Boy.
O primeiro passo foi convencer minha mãe de que passar a tarde comigo seria mais produtivo do que estar nos bancos da Fundação Bradesco, feito isso, ela permitiu que meu irmãozinho faltasse à escola para uma tarde cultural.
O primeiro programa foi pegar o trem com destino ao sul, ele viu os vagões vazios às 14h30min da tarde, mas, mal sabia ele que bastava apenas algumas horas para esses vagões se assemelharem ao Hades.
Já no jardim Belval, o garoto ficou surpreso, ele esperava uma região chique, repleta de restaurantes sofisticados e centros comerciais, o jogo começaria às 19h30min, tínhamos ainda quatro horas para gastarmos na periférica Barueri. Então fomos ao primeiro programa, teoricamente seria num centro de diversões eletrônicas num shopping center, mas como nas margens não se encontra entretenimentos dessa natureza, entramos num boteco onde se ouvia Luis caldas e Carlito Gomes, pedimos uma ficha de bilhar que nos foi negada, o dono do bar não permitiu a prática do jogo a um menor de dezoito anos, coube ao meu irmãozinho assistir eu desafiar o dono do bar apostando garrafas de cervejas. Minutos depois derrotado pelo senhor barrigudo que comercializava cerveja quente, fomos ao encontro de outro passa tempo, sem muitas opções, entramos em outro bar, o enxame verde já tomava conta da região e por conta disso meu irmãozinho perdeu sua paz, afinal ele ultrajava o manto vintage da década de oitenta, uma relíquia ambicionada por muitos Palestrinos, assim portanto, ele era saudado e elogiado por sua camisa de tecido envelhecido, isso lhe serviu de lição, foi a primeira vez que ele sentiu o impacto da camisa palmeirense.
Cansado de ser tietado, meu irmãozinho sugeriu que fôssemos a outro boteco, (sim, boteco era a única opção), todas as opções que tínhamos eram deploráveis, o que configurava o contraste, pois uma arena sofisticada, de estrutura superior a de todos os estádios do estado de São Paulo não poderia ser instaurada numa região subdesenvolvida, torço para que a região se adapte a modernidade do estádio.
Já conformados com o que tínhamos ao nosso dispor até o início do jogo contra o colorado, fomos salvos por uma Juke Box que surgiu do nada em um desses botecos. Meu irmão como se tivesse encontrado um alento, desesperadamente inseriu cinco moedas na máquina, recheamos a set list de AC/DC e Pink Floyd e nos desligamos do redor que nos rodeava e nos embriagamos com os clássicos selecionados.
Nesse clima de espera e de harmonia com o rock, meu futuro herdeiro foi vítima da presunção humana, de modo cordial a atendente do bar nos deu algumas sugestões, ela propôs a meu pequeno irmão um assaí na tigela, ele escolheu carne seca, ela também lhe ofereceu lanches cheeses, ele preferiu o caldo de mocotó, o fantástico caldo de mocotó de boteco, por fim ela perguntou-lhe se o volume da Juke Box estava lhe incomodando, ele a respondeu:
- Fui eu mesmo quem aumentei!
Ela lhe fitou surpresa e se manteve presunçosa:
- Foi seu pai quem escolheu essas músicas?
- Não, fui eu, ele escolheu apenas meu time, e até hoje agradeço a Deus por essa escolha.
A doce moça desconcertada retirou-se e pôs-se a admirar-nos de longe.
Então eu disse, esse é o preço a ser pago por suas escolhas Vintage Boy.
O primeiro programa foi pegar o trem com destino ao sul, ele viu os vagões vazios às 14h30min da tarde, mas, mal sabia ele que bastava apenas algumas horas para esses vagões se assemelharem ao Hades.
Já no jardim Belval, o garoto ficou surpreso, ele esperava uma região chique, repleta de restaurantes sofisticados e centros comerciais, o jogo começaria às 19h30min, tínhamos ainda quatro horas para gastarmos na periférica Barueri. Então fomos ao primeiro programa, teoricamente seria num centro de diversões eletrônicas num shopping center, mas como nas margens não se encontra entretenimentos dessa natureza, entramos num boteco onde se ouvia Luis caldas e Carlito Gomes, pedimos uma ficha de bilhar que nos foi negada, o dono do bar não permitiu a prática do jogo a um menor de dezoito anos, coube ao meu irmãozinho assistir eu desafiar o dono do bar apostando garrafas de cervejas. Minutos depois derrotado pelo senhor barrigudo que comercializava cerveja quente, fomos ao encontro de outro passa tempo, sem muitas opções, entramos em outro bar, o enxame verde já tomava conta da região e por conta disso meu irmãozinho perdeu sua paz, afinal ele ultrajava o manto vintage da década de oitenta, uma relíquia ambicionada por muitos Palestrinos, assim portanto, ele era saudado e elogiado por sua camisa de tecido envelhecido, isso lhe serviu de lição, foi a primeira vez que ele sentiu o impacto da camisa palmeirense.
Cansado de ser tietado, meu irmãozinho sugeriu que fôssemos a outro boteco, (sim, boteco era a única opção), todas as opções que tínhamos eram deploráveis, o que configurava o contraste, pois uma arena sofisticada, de estrutura superior a de todos os estádios do estado de São Paulo não poderia ser instaurada numa região subdesenvolvida, torço para que a região se adapte a modernidade do estádio.
Já conformados com o que tínhamos ao nosso dispor até o início do jogo contra o colorado, fomos salvos por uma Juke Box que surgiu do nada em um desses botecos. Meu irmão como se tivesse encontrado um alento, desesperadamente inseriu cinco moedas na máquina, recheamos a set list de AC/DC e Pink Floyd e nos desligamos do redor que nos rodeava e nos embriagamos com os clássicos selecionados.
Nesse clima de espera e de harmonia com o rock, meu futuro herdeiro foi vítima da presunção humana, de modo cordial a atendente do bar nos deu algumas sugestões, ela propôs a meu pequeno irmão um assaí na tigela, ele escolheu carne seca, ela também lhe ofereceu lanches cheeses, ele preferiu o caldo de mocotó, o fantástico caldo de mocotó de boteco, por fim ela perguntou-lhe se o volume da Juke Box estava lhe incomodando, ele a respondeu:
- Fui eu mesmo quem aumentei!
Ela lhe fitou surpresa e se manteve presunçosa:
- Foi seu pai quem escolheu essas músicas?
- Não, fui eu, ele escolheu apenas meu time, e até hoje agradeço a Deus por essa escolha.
A doce moça desconcertada retirou-se e pôs-se a admirar-nos de longe.
Então eu disse, esse é o preço a ser pago por suas escolhas Vintage Boy.
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