quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Apocalipse nosso de cada dia.



Desvendar as leis químicas e físicas que permitem a manipulação plena da matéria possibilitaria a desmaterialização do corpo e sua perfeita rematerialização, uma reconstrução livre de anomalias, a dissolução dos bolos cancerígenos emaranhados no frágil organismo animal seria dentre os benefícios provenientes de tal descoberta o menor, uma metralhadora alemã seria transportada com a mesma facilidade de um punhal persa, seria possível acordar a noite no celeiro ao lado da loira de natureza bucólica no hemisfério sul e terminar a noite de sono no quarto do pequeno caçula no hemisfério norte, frágeis olhos à luz do sol viveriam em eternas noites, frias noites orientais, quentes noites tropicais, salas de bate papo virtual e redes sociais cairiam em desuso, usuários de Skype escapariam para proibidos braços, os obsoletos veículos automotivos já extintos liberariam as ruas para a mocinha desfilar e mover seus longos cabelos, a branca negra brasileira destilaria sua peculiar sinuosidade pelos confins da terra. 

A bola chutada no beco do rato carioca pousará nas engaroadas traves metropolitanas, os cães que por aqui uivam, gorjearão também por lá, os guardiões de fronteiras cansar-se-ão em suas incessantes blitz, pés terão asas, nesse "vai e vem" contínuo ocorrerão recorrentes epifanias, o termo liberdade terá sentido concreto e prático, liberdade falsamente praticada, liberdade pseudamente criptografada em artes plásticas e verdadeira na metafísica do trovador; sem esquecer dos maus dias, eles também lá estarão, fugas e perseguições exigirão habilidade excepcional por parte do perseguidor, o movimento do corpo do fugitivo transcenderá o surreal, seu sangue vermelho se regenerará em segundos a quilômetros de distância tão escarlate quanto o destilado que o aguarda na mesa posta que o espera, o hábil fugitivo beberá nobremente ultrajado, saciado partirá novamente para o deleite ao lado da moça campestre que o aguarda nas térmicas em plena efusão com o aroma pecaminoso que circunda o armado cenário lascivo em comemoração as cotidianas revelações de cada dia, Amém!

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