sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Preso ao meio.


Não existe defesa absoluta, considerem o índice de assaltos a carros-fortes que aumenta espantosamente, sistemas de segurança geniais são dissolvidos por enlouquecidas mentes criminosas, de baixo do sol somos todos presas vulneráveis às famintas garras de predadores, a mercê de hábeis caçadores que desconhecem barreiras e fortalezas intransponíveis, considerem a destra lebre que foge com dribles esplendorosos e que no final é alcançada por afiados dentes de um mamífero maior, tenham também o cervo do campo que salta levemente e corre com bela velocidade, contudo no final é capturado pelas unhas da rainha da selva, pobre então do coração humano que não tem pernas para fugir e nem tampouco armadura de proteção, coração passivo, atacado e portanto ferido, em constante agonia, que bombeia e simultaneamente sangra, tivesse ele pernas certamente correria a fim de retardar a dor, tivesse ele armadura certamente a usaria para privar-se de agudas incisões, na verdade de nada valeria as pernas e armaduras, pois ainda assim o coração continuaria a ter olhos, malditos olhos que o vulnerabiliza diante do belo, que o reduz diante do esplendor o tornando novamente presa fácil paralisado sob a ilusão da perturbadora beleza, a beleza que descompassa batidas inflamadas, a mesma beleza que surge desvanecida por entre as chamas e conduzida por uma força quântica; não se pode mensurar a força física de universos metafísicos, nem tampouco calcular o espaço sobrenatural, assim, não podemos desenvolver fortalezas que resistam aos ataques transcendentais provenientes de tais mundos, contudo, ainda que a força de invasão disponha de poderes superiores, a rendição está fora de cogitação, não deixe que a lúdica moça lhe consuma o juízo, enfrente os efeitos de seu sorriso ludibriante, talvez lá esteja a chave que abre caminhos, não há mestre de armas que possa enfrentar tamanho adversário, afinal, a imagem é sedutora, não se pode vencer a imagem, imagem que emite substâncias que lhe fazem perder a cabeça.

A solução é agir feito um perfeito estranho, mudar e confundir, e então combatê-la com uma tênue canção, canção que infiltra na mente e que conduz a loucura, se trata da única arma apropriada para combater esse deleitoso mal, o poderoso mal da imagem escravizadora que se reduz apenas sob as embriagantes linhas melódicas do slow blues, afinal, o blues se confunde com a ruína e com o triunfo, triunfo e ruína irmãos gêmeos, ambos sem a menor importância, então baby, venha com seu maldito sorriso que eu vou com meu baião.

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