terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dias gentis


Dos livros que compõem o velho testamento, o meu preferido é o livro de Eclesiastes de autoria do rei Salomão filho de Davi, rei Salomão, tenham-no como o governante mais sábio da mitologia bíblica, Salomão não foi realizador de grandes façanhas, como por exemplo, Sansão que derrubou um enorme templo eliminando milhares de filisteus, ou como seu Pai Davi que derrotou o famoso gigante Golias, sequer foi transladado, privilégio concedido ao profeta Elias, jamais experenciou a desconfortante estadia no estômago de uma baleia fato vivenciado por Jonas, ou nem mesmo devastou com pragas todo o Egito e partiu o mar ao meio conforme Moisés fizera, tampouco acalentou leões numa cova sombria e resistiu a ardente fornalha como Daniel e Cia, de fato Salomão não realizou fatos marcantes como de seus companheiros de fé, Salomão em seu círculo de fartura, provido de toda a sorte de bênçãos, construiu um grande império, abundante em terras produtivas e em rebanhos rechonchudos, poços de águas por todos os lados, milhares de servos, doutrinador, possuidor de todos os instrumentos possíveis para seus cantares, em seus desvarios era curado pela própria sabedoria, tudo que seus olhos desejavam ele jamais lhes negou, tudo que seu coração pedia Salomão não hesitava em conceder, mesmo diante de tanta dádiva e possuidor de tamanha glória Salomão se colocava no mesmo patamar de seus amigos de fé, se colocava na mesma condição de seus escravos, era diminuído perante suas tantas mulheres, ainda que extremamente sábio Salomão se via em iguais condições em relação aos tolos, dizia que tudo isso era mera vaidade, conquistas por vaidade, descanso por vaidade, paz por vaidade, prazer por vaidade, sacrifícios por vaidade, dor por vaidade, dizia que debaixo do sol todos estão condicionados às camadas naturais e finitas e que o fim está para todos com ou sem swing, e enfim disse não ter havido alegria nos dias de sua juventude, isso mesmo, Salomão que viveu grandes prazeres durante sua mocidade, ele ao chegar no apogeu de sua libertação mental disse que tais vaidades não compensaram a pena ou o prazer.

Vou um pouco mais além, tive alguns dias gentis, tive bons 4:42 minutos de prazer, tive bons tempos e bons medos, lembrei de quem eu costumava ser e de quem estou me tornando, o que houve de ruim ficou para trás, o que houve de bom ficou para trás e o que eu esqueci, também ficou para trás, e ao lembrar de tudo, quer tenha sido bom ou ruim, uma coisa é certa, foi tudo vaidade, pelo bem do próximo ou pelo meu próprio bem foi mera vaidade, então para que no futuro eu não diga como Salomão disse acerca do seu descontentamento onde ele mostra total indiferença aos dias de sua longa vida, irei seguir uma recomendação que ele deixou involuntariamente, conselho que consiste em não negar os pedidos que eu mesmo me fizer, concederei tudo o que meus olhos pedirem, talvez eu também diga que não tive contentamento nos dias de minha juventude, mas no final dessa frase acrescentarei, “todavia, fui generoso para comigo mesmo, sem martírio ou hipocrisia”, sendo assim, considerem-me um tolo sem vaidade pois nela procuro não mais residir, pois quando enfim eu abandoná-la aí poderei receber com orgulho o título de bluesman.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

96 anos!



Os chineses inventaram a gaita, um belo dia ela caiu na mão de negros norte-americanos e se transformou em harmônica.

Ingleses inventaram o futebol tijolo-bruto, os brasileiros transformaram o futebol em mármore lapidado e reluzente.

Os escoceses eram conhecidos pelo jogo de lançamentos longos, passes de ligação direta, já os uruguaios apresentaram um futebol de passes curtos e envolvente.

Os italianos são de modo genuíno virtuosos com o acordeom no colo, já a sanfona no colo do povo do nordeste brasileiro se faz vibrante e cheia de charme.

A principal academia do futebol brasileiro chamava-se Palestra Itália, hoje ao completar 96 anos chama-se Palmeiras.

Parabéns alviverde.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Vote Maradona, pior que ele só a Madona - 2469


Os programas humorísticos hoje perderam espaço para o horário eleitoral gratuito, como se não bastasse a censura sofrida pelos humoristas da televisão brasileira o supremo tribunal eleitoral também pretende arrancar-lhes o emprego dando lugar aos seus fantásticos candidatos artistas que nos divertem e nos envergonham em pleno horário político, não me refiro as deploráveis presenças de Maguilas, musas do funk nomeadas por frutos como peras e malancias, também não me refiro a presença de Marcelinho Carioca que até hoje amarga o pênalti defendido por São Marcos, suponho que o badalado Tiririca protagonista dessa safra de candidatos ilustres é o que melhor representa a face dos eleitores e governantes brasileiros, é difícil dizer quem é mais chistoso, se são os pastores de igreja associados á cúpula malufista pepista ou os astros de filmes pornográficos candidatos ao senado, não consigo desvendar quem é mais zombador, se são os meninos do KLB ou o nosso querido Geraldo Alckmin que insiste em se manter no governo por mais longos quatro anos após protagonizar o maravilhoso programa de educação de aprovação automática onde foi vice de Mário Covas, talvez essa eminente importância que nossos governantes dão à educação, justifique o porquê de nossa alegria em assistir a base de muito riso a apresentação de propostas dos nossos futuros representantes.

Há quem defenda a gestão FHC, há quem reconheça o positivo governo Lula, mas esses que defendem a ou b, também são contribuintes dessa cozinha que é governo brasileiro, jovens com diploma bacharel sequer suspeitam o que viria a ser um ministro chefe da casa civil, experimente perguntar na rua qual é a função de um ministro da fazenda.

Então tá, está explicado.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Esse sofá ta bom demais


Concedi-me ontem uma segunda de folga, desliguei o celular e fui me encontrar com a ociosidade, minha irmã ansiosa como é, repreendeu-me ao me ver no sofá contemplativo de barbas emaranhadas, afinal, havia muito a se fazer no dia de ontem e por conta disso ela não se conformou em ver o desperdício do dia mais produtivo da semana.

De modo simples, porém impactante, disse a ela o que eu busco, em que caminho estou, como conduzo e ordeno meus negócios, ela ainda resistente com enorme clichê defendeu as normas convencionais padronizadas sei lá por quem, disse que eu estou comprometido com algo grandioso e que o sucesso disso depende exclusivamente de mim e que não havia tempo a perder, os motivos de minha irmã de fato procediam, no entanto, claramente exemplifiquei à ela minhas razões.

A lógica sugere que o objetivo almejado é conhecido pelos meios de preparação, logo assim, é possível dizer que, um estudante de RH objetiva ingressar numa boa empresa para cuidar de suas questões burocráticas, um adolescente das categorias de base de um clube de futebol pretende chegar ao time principal e posteriormente na seleção brasileira, um cobrador de ônibus ao elevar a categoria de sua CNH busca chegar ao cargo de motorista, um estudante de engenharia anseia por um estágio na Telefônica, Nestlé, ou GM, fácil de prever, tente agora prever qual é o plano de vida por exemplo de Marcelo Camelo, talvez se tornar um perito em astrofísica, ou um agricultor em sua fazenda de ervas medicinais, compor poesias para o vento, tente agora adivinhar as futuras pretensões de Zeca Baleiro, talvez desenvolver um novo projeto arquitetônico para o prédio da bienal, se aprofundar no conhecimento de física quântica, ou simplesmente fumar um cigarrinho de artista nas dunas do maranhão, pior ainda é tentar convencer Eric Clapton de encarar uma turnê milionária na América do sul, ele quer mesmo é caçar gansos e pescar ao lado de suas filhas, talvez amanhã ele lance uma nova arte plástica para angariar fundos pro Crossroad Center, imagine Raul Seixas passando pela rua de trás para se esconder de seus credores, ou ponderando suas letras para conseguir um contrato junto à MTV, mais fácil seria ele pedir fiado novamente de modo descarado e fazer um voz e violão no boteco para pagar sua dívida com sua música incisiva, tente também descobrir quais são os planos de Belchior para os próximos anos, provavelmente se tornar um velejador nos mares do Índico, ou ser o primeiro governador Brasileiro de um estado no Uruguai, ou até mesmo um cafetão em Buenos Aires.

Agora abra a carteira desses referidos artistas, artistas preguiçosos, lá você verá alguns trocados, o suficiente para explorar toda América, toda Europa e para tirar quantos dias de folga forem necessário.

Da mesma maneira que não dá para prever o futuro desses malditos preguiçosos, não tentem descobrir como eles conseguem driblar os modos convencionais com tamanho êxito, isso é uma dádiva, poucos compreendem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vamos ao Jazz


Em discórdia com a estrutura do tempo, na má relação com o sagrado, mas porém, em concordância com minha sacrossanta mãe, mulher sábia que não se entedia com o lento e nem se enpanta com o veloz, sabia mulher mostrou-se feliz por minhas conquistas, mostrou-se solidária ao ver minha contemplação da consciência esclarecedora, fez-se confortante para atenuar a tragédia do desengano, com a queda da ilusão surge a reveladora razão que traz consigo cruéis respostas e que todavia, contribui com o fortalecimento do maldito ego, mas que também otimiza o uso da moderação, moderação que se opõe ao excesso passional, ilusória paixão que cega e sem visão surgem inúmeras lesões derivadas de sucessivas quedas e portanto a dor, pro bem a razão desvenda os olhos e ilumina os caminhos, pro mal, a razão desvenda os olhos e ilumina os caminhos revelando os monstros antes ocultos pela escuridão, monstros hostis que nos recepcionam com nãos, monstros desprovidos de gentileza e intensamente assombrosos em seus rugidos intraduzíveis, eles agem no que compraz, por instinto não se comunicam com palavras cordiais, se comunicam com lágrimas de sangue.

Vale dizer, quer sejam cegos lúdicos ou visionários céticos, seres gentis ou seres hostis, quer sejam animais domésticos ou selvagens, a eles fora dado a livre escolha, ou melhor, lhes fora imposto “escolhas” já determinadas, foi concedido o livre arbítrio mas esconderam a liberdade, pois na liberdade se é possível criar as próprias possibilidades, nessa liberdade que encontrei caída por aí desenvolvi alguns prováveis caminhos, alguns tantos lugares, as possibilidades eram tantas que ao ficar na dúvida pedi à minha mãe que decidisse por mim e apesar d’eu carregar uma pesada barba negra, ela ainda diz ser capaz de decidir por mim, então que ela decida e me prive da angustiante dúvida.

Ela decidiu e determinou que eu fosse ao Jazz, obediente como sou, irei, irei ao Jazz.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Transição.


Dias atrás fui visitar uma amiga de longa data na busca de recomendações para criação de um cardápio nordestino, essa mencionada amiga como sempre muito espirituosa e de profundo impacto em suas consultorias, ela ao longo desses anos em que esteve ausente submeteu-se à graduações de diversas naturezas, mostrando claramente as transições que seu corpo e mente passaram, manteve-se estática apenas em sua doçura interior, ela não renunciou ao seu “eu” pueril.

Nessa breve avaliação lembrei também de outra amiga que por dez longos anos não via, pois por conta do rompimento conjugal de seus pais eles se mudaram sabe deus lá pra onde, a última vez em que a vi tinha apenas treze anos, essa moça nessa época de infância sempre foi bastante elétrica e feliz em seu belo antro familiar, família harmoniosa e quente, eu era muito ligado aos seus irmãos, três irmãos, mas ela nunca se achegou a mim e vice-versa, entretanto, destinadamente esbarrei em um senhor sexagenário numa livraria qualquer, era o pai dessa moça, eu o reconheci e através dele consegui o contato de seus filhos, ao restabelecer o contato com um deles, recebi um convite para visitá-lo em Campinas, cidade para qual se mudaram sem deixar notícias, aceitei o convite e chamei um camarada meu para irmos à Campinas para rever esse amigo que a muito não via, fiquei extremamente surpreso em ver as mudanças pelas quais esse rapaz passou, ele era um menino estável emocionalmente, tímido e extremamente inteligente, nessa sua nova fase, estava incrivelmente impetuoso e marrento, alimentando alguns vícios mortais, mas sob controle, era inimigo da violência, hoje porém, é filiado a independente, facção criminosa de torcedores de futebol, por outro lado este não perdeu as qualidades que me faziam admirá-lo, obviamente que suas novas práticas não condizem com as minhas, mas o respeito mútuo sobreviveu ao tempo, nesse período de distância, sua família passou por grandes transformações, não obstante ao desenlace entre seus pais, ele e seus irmãos se tornaram pais solteiros, cada um com um filho entre 3 e 8 anos, com sua irmã também não foi diferente, outro fato que modificou radicalmente o padrão de vida desses jovens foi o falecimento da mãe, distantes do pai por fronteiras geográficas e longe da mãe por raias sobrenaturais, um dos irmãos teve problemas com a justiça e fora submetido por um ano ao cárcere, depois de solto seguindo o exemplo do mais velho se afastou dos mais novos e foi viver separadamente com sua nova mulher.

Os dois caçulas passaram a morar juntos e nessa minha visita foi bastante risível rememorar episódios de infância e durante essas lembranças eu condenei essa minha amiga por sua antipatia com a qual ela me vitimava enquanto criança, no entanto, ela conseguiu se remir ao nos receber calorosamente, deu um exemplo de hospitalidade, tanto na cozinha quanto na arrumação dos quartos, fomos visitá-los com o intento de ficar apenas um dia, porém a excelente recepção que essa amiga nos concedeu contribuiu com nossa permanência por mais dois, e quando enfim tivemos que partir, vimos a tristeza expressa em seu semblante.

Ao falar em perspectiva, falamos de seres que evoluem, ganham admiração e reconhecimento, falamos também de seres estáticos que por não acompanharem tal progresso são esquecidos e substituídos, podemos projetar um futuro promissor, se preparando no presente para colher frutos positivos no futuro, em outras palavras podemos programar coisas positivas para o futuro, porém não podemos evitar males que podem surgir e que certamente surgirão.

Ao ver as tantas mudanças que passaram por essa referida família, percebi que cedo ou tarde a minha família também passará por mudanças, por isso tenho que me conduzir para tentar atenuar os prováveis males que virão.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Beard


Os cientistas, todos eles têm barba, barbas consistentes, isso é algo que anuncia que eles não estão na vida de brincadeira.