domingo, 4 de janeiro de 2009

Drumembêis

Haviam rigorosamente 14 nordestinos, 7 piauienses, 2 maranhenses e 5 pernambucanos, mais precisamente 7 homens e 7 mulheres, essa reunião era para receber com boas vindas Manelão Pereira em São Paulo, Manelão é um senhor de 69 anos, natural da cidade de Pajeú-PI, Manelão é famoso pelas suas fantásticas fábulas, pelo seu "EU" caricato, pelos seus contos mirabolantes e principalmente por suas ações comediantes, uma verdadeira lenda no estado do Piauí.

Esses 14 amigos que estavam a espera de Manelão, não o viam a 7 anos, eu era o único neste ambiente festivo que não conhecia esse lendário Senhor, quando ele finalmente apareceu, foi uma verdadeiro cortejo a sua pessoa, um alvoroço generalizado, a euforia tomou conta de todos, nesse instante, eu tive a idéia de mover esse clima através da trilha sonora do mestre do baião Luiz Gonzaga, por mais improvável que pudesse parecer, o baião do Gonzagão foi repudiado por todos, inclusive por Manelão, eles se opuseram a essência do forró, falando que Luiz Gonzaga é coisa do passado: "A onda agora é Calipso, Motorzinho dos teclados, pelo amor de Deus seu maluco, tire isso e coloque Calcinha preta, vai logo!" Como se não bastasse, minutos depois chegaram mais 13 parentes de Manelão, todos por volta dos 22 anos de idade, esses rapazes, complementaram o escárnio e o desrespeito ao rei do forró, todos fãs incondicionais de música eletrônica, sustentando a idéia de que o forró é som pra velho, e que a modernidade requer algo mais forte que o forró, esses jovens nordestinos se envergonham de suas raízes e ostetam orgulhosamente o suposto status gerado pelos holofotes das raves européias ingetadas no Brasil.

A música "Drumembêis", composição de Zeca Baleiro, demonstra bem essa triste realidade, os nordestinos desconsiderando suas culturas regionais para impressionar inglês, maravilhados com a sugeira eletrônica que eles audaciosamente chamam de música, eles infelizmente esqueceram da música, eles infelizmente estão entrando na onda do drumembêis, "tá todo mundo apavorando na levada drumembêis".

8 comentários:

  1. tratando-e de musica, um grupo de pessoas, (nordestinas ou não) nao representam uma nação. Eu mesmo paulistano, aprecio o forro nordestino a anos e tbm sou adepto a eletronica, quem me conhece sabe disso. A sua repugnação a varios estilos musicais (eletronica é musica sim) é totalmente respeitado e aceito, todavia acho que um cara com inteligencia e conhecimento deveria tambem respeitar isso........JO O FATO DAS PESSOAS ESQUECEREM DE SUAS ORIGENS, ISSO NAO ESTA SO NA MUSICA E INFELIZMENTE NAO PARA POR AI.

    É SO MINHA OPINIÃO
    ELIEZIO, SR DA FRAGANCIA E DA CULINARIA

    ResponderExcluir
  2. Uma mal que está em ascenção!

    ResponderExcluir
  3. um mal que infelizmente esta em ASCENSÃO é o funk pancadão

    ResponderExcluir
  4. Bem, acredito que o problema não é o rítimo em si... acho que o problema maior de qualquer "objeto" que se chame música é a letra... o mau é a vulgarização da mulher feita no funk pancadão... o mal é a associação das drogas às músicas eletrônicas, é a "procriação descontrolada" do forró "rala buxo"... enfim... o problema não é o rítimo, afinal cada um tem sua liberdade para curtir o que quer... mas acho que o mais crítico são os princípios que a cada dia estão se perdendo... e juntamente com os princípios, vidas se perdem, vidas são "jogadas" no mundo ao nascer em um berço desestruturado emocionalmente e monetáriamente... enfim... o conceito que deve ser criticado não é o abandono das raízes e sim o preconceito para com elas, afinal, o meio em que vivemos nos influência e muito, porém, nossa história, essa sim é imutável!

    ResponderExcluir
  5. A coação dos fatos sociais, impões bons e maus conceitos, bem aventurado é aquele que seguir os bons....

    ResponderExcluir
  6. Concordo quando dizem que um grupo não representa toda uma sociedade, e concordo quando dizem que música eletrônica é Arte (vide minimalismo na música). INFELIZMENTE o funk carioca e o chamado "pancadão" também são Artes, posto que expressam um raciocínio, uma tendência da sociedade.

    Penso que tudo é válido, e como foi escrito pelo autor - e belo texto indignado, diga-se de passagem - bem aventurado é aquele que seguir os bons conceitos. Mas qual é "o bom conceito"? "o meu ou o seu"? rsss...

    Infelizmente cairemos na velha história que trata sobre gostos. E só pra ilustrar: eu não gosto de Goya. Acho seus painéis incríveis, as cores, as formas, os tamanhos... eu fiquei de pernas bambas quando vi a exposição. Sem dúvidas é uma expressão digna da Arte... mas continuo não gostando. Tenho o direito de não gostar de uma Arte, assim como todos temos!

    Abraço!

    ResponderExcluir