quarta-feira, 30 de junho de 2010

Grata graça.



Em 1995 aos 8 anos de idade eu ouvia muito Jovelina Pérola Negra e Dona Yvone Lara sob influência do meu irmão primogênito, nessa apreciação eu muito me identificava com essas duas divas do samba e deleitava-me na linha melódica genial dessas rainhas, porém esse meu cultivo me produzia o lamento de não poder compartilhar dessa apreciação com meus colegas de escola e de rua, as crianças de minha idade escandalizavam-se ao me verem consumindo o canto da rainha, mais pra frente aos 11 anos de idade esse fenômeno foi repetido com o blues, era extremamente difícil dividir com alguém de minha idade a poderosa gana do blues, hoje porém, tenho a satisfação de ser bastante influente no campo musical, desde crianças a idosos consigo semear as tantas vertentes musicais positivamente, por isso, quero dar destaque a um episódio peculiar que julguei importante frizar, vejam, existe um grande privilégio em ser gaitista em uma banda de blues pelo papel singular e de destaque expressivo que o mesmo desempenha nesse gênero, a outra vantagem é que apenas gaitistas sabem julgar com propriedade a técnica de outro gaitista, todavia, bons músicos de blues por apreciarem verdadeiramente a harmônica e por conviverem com gaitistas de vários estilos, sabem identificar um bom harmonica player, e ao considerar isso, os sucessivos elogios da Lady Tati foram bem assimilados por mim por se tratar de uma excelente cantora de Rhythm and Blue, ela por compor o meio frenético do blues já ouviu grandes gaitistas, muitos deles de técnica infinitamente superior a minha, Lady Tati Porém, conseguiu inflar meu ego ao dizer que sentiu-se bastante comovida ao ver e ouvir lindas crianças e simpáticos senhores se deleitarem e dançarem efusivamente ao ritmo do puro blues, disse que fazia muitos anos em que não via um ambiente tão especial em sua composição geral, falou que sentiu-se bastante inspirada em aprender a tocar gaita após me ver regendo os expectadores daquela bela noite com minha harmônica, por fim Lady Tati disse que dos tantos gaitistas que ela ouviu fui eu quem a sensibilizou, pois segundo sua interpretação houve o verdadeiro feeling, um feeling coletivo entre banda e platéia, todos como se fossem um, tais descrições me deixam feliz em saber que pude conceder um pouco da magnitude do blues.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Não chores por mim Arrentina! Dieguito.


Para testar minha capacidade de interpretar futebol, coloquei minha barba consistente em cheque, apostei-a nos loiros cabelos de um camarada argentino, a aposta consiste em submeter o perdedor a renúncia de seu maior bem estético, essa aposta nasceu durante minha leitura sobre as 32 seleções que compõem a copa do mundo fifa 2010, nessa minha avaliação houve contestação por parte do meu maior freguês no PES quando descrevi a capacidade tática e técnica da seleção germânica e do pífio sistema defensivo dos nossos hermanos argentinos, em virtude do meu julgamento acerca dessas duas seleções, esse meu camarada amante do futebol do corintiano Carlitos Tevez e cia ofendeu-se quando os pus na condição de sortudos e omissos no futebol arte e contundente, embora tenham em seu elenco o melhor jogador da atualidade e um forte sistema ofensivo, vejo esse time guiado por Diego Maradona comportando-se em campo de modo ingênuo e limitado diferentemente da tradição do futebol argentino encontrado nas seleções antecedentes, esse fã dos adeptos do Boca Juniors e derivados coloca Maradona na condição de treinador genial, e isso será posto a prova nesse sábado frente a seleção alemã, caso a minha teoria prevaleça e a Argentina volte para casa nas quartas de final, esse argentino enrustido perderá suas loiras madeixas e verá sua cabeça branca refletir a dor do bando de loucas do futebol latino americano.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Visita.


Ao fazer um retrospecto dos tantos textos que publiquei neste blog e ao dissecar os diversos temas abordados de estilos fabulosos e críticos, notei que o pensamento referente à força do tempo foi o mais presente na discussão desses textos e ao perceber o uso corrente dessas alusões cronológicas entendi o porquê de tanto insistir em falar sobre os efeitos do tempo, vejam, considerando a premissa de que a concepção de morte nos dias de hoje é tratada de modo banal, iniciamos nossa reflexão sobre nossa condição de vida, a morte hoje já não é assimilada com horror, ela quando entendida como um fenômeno social visa por exemplo calcular a taxa de mortalidade, também é analisada como fenômeno biológico, investigada como crime por policiais, tais atributos mostram o quão banalizada é a concepção de morte na contemporaniedade, mas se formos pela via de que a vida se opõe a morte por a primeira ser conhecida e a segunda desconhecida e de que a transição da vida pra morte implica na conversão do existente para o nada, passaremos a buscar a compreensão do sentido da vida, uma vez que a agnosia inerente a morte nos conduz à reflexão sobre esse destino irremediável, onde a morte significa ausência de vida, a inexistência do ser, assim portanto nossa condição de vida passa a ser cultivada, pois é nela que reside o ser.

E é o tempo quem determina se haverá vida ou morte, então está justificado a razão pela qual me confronto tanto com tempo.

Talvez ela surja como o thunder thief .
Talvez ela seja súbita como a corda do violoncelo que se rompe em meio a sinfonia.
Talvez ela te engasgue num quiosque em Copacabana.
Talvez ela desabe e te soterre em meio ao temporal.
Talvez ela compareça na fila da sala de emergência.
Ou talvez Ela te visite enquanto você toma cerveja confraternizando com seus irmãos ouvindo Big Walter Horton.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dueto


"I just want make love to you."
Apenas isso, love to you.
- Rock me baby!
- Shake for me sweet!

Isso foi um dueto entre a vocalista de uma banda de soul music e eu que estava na platéia, a canção "I just wanna make love to you" foi gravada pela diva da Chess Records Etta James e pelo executivo do Blues Muddy Waters, a versão de Etta james é bastate swingada, já a de Muddy totalmente slow blues, o reverbe da acústica do bar estava bastante acentudo permitindo às vozes que vinham da platéia se equipararem às vozes do palco, essa banda tem a habilidade ímpar de envolver o público em suas apresentações, porém, quando eles tocaram I just want make love to you, versão Etta, percebi que eu era o único que sabia cantar, fiquei surpreso com a performance da vocalista da referida banda ao interpretar Etta james, e de modo espontâneo encaixei a melodia versão Muddy Waters com minha voz de nordestino, ela cantava um blues dançante e eu na mesma linha harmônica cantava um blues de lamento, se por ventura eu estivesse no palco com ela seria apenas um belo dueto, entretanto, a peculiaridade da situação ao prover um dueto harmônico entre artista e expectador deu graça incomum a esse episódio sincero.

Ela disse:

- I just wanna make love to you.

Eu respondi:

- I just want make love to you.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Vaidade.


Em universos metafísicos a personificação da ordem transcende as barreiras do caos, os conflitos oriundos da divergência pública bem como as catástrofes naturais são minados pela onipotência do autor, as vontades do criador desse universo são potencializadas pelo poder de sua palavra.

No nosso universo contemporâneo, civilizado e que está em pleno desenvolvimento é possível identificar em sua espécie dominante características tribais, humanos presos na arena do ego, torturados internamente pelo desejo de aprovação, alimentados pelo sentimento egoísta similar ao dos primatas, (o que é meu é meu e o que é seu eu tomo à força) nisso não há mistério, basta ressuscitarmos os grandes chefes de estado do passado e compararmos como nossos atuais governantes, afinal eles são humanos mortais possuidores de desejos efêmeros, líderes de nações e de grandes impérios, líderes que foram determinantes através de decisões equivocadas e posturas irredutíveis.

Contudo, existem céticos, românticos que perderam a esperança nesse admirável mundo violento, sonham com a existência de ozônio em outros planetas que não sejam paralelos a esse universo obtuso, idealizam recomeçarem uma nova constituição social num planeta não contaminado pela compulsão humana.

Há também quem torça pela passagem do homem para o cibernético, fusão essa que eternizaria códigos, informações e experiências que o limitado organismo animal dos humanos seria incapaz de processar e de refletir sobre, torcem para que esse coração meio carne meio ciborgue vença as piegas sentimentalistas que levam o homem-humano ao desespero, pois seres desesperados cometem erros e erros muitas vezes causam prejuízos irreparáveis.

Talvez o cometa que deu fim a era jurássica tenha sido atraído por alguma ação dos dinossauros não explicada por astrônomos e arqueólogos, a era jurássica teve seu fim e nós começamos uma nova era, resta saber quem irá nos substituir, isto é se o planeta resistir.