A erudição concebida nos elementos é tão brilhante quanto arriscada, suporte a enganosa calmaria do cadente piano, suporte-a a fim de abrir os olhos para a lúcida crueldade, é preciso mesclar austeridade com manhosa improvisação para resistir à tenacidade da tempestade dos taróis simulados pelos tons da bateria, a gloriosa sinfonia dos cellos sintetizados selam as poderosas potestades que contaminam pensamentos através dos ares, trombetas e trompas também sintetizadas anunciam o despertar de principados, a perturbadora maestria percussiva da desvairada regente conduz a orquestra ao gênese e ao ômega, já o público regido não teme o alfa e nem tampouco o juízo final, não teme, pois já teme o fim do concerto, pois toda ópera, ballet e espetáculo como o de hoje tem o seu fim.
Mas antes que acabe, o público em meio a harmoniosa dissonância da perfeita performance entre graves bends e melódica percussão, sabe que ainda que a corda rompesse, ainda que a baqueta quebrasse, ainda que a tecla cedesse, ainda que a partitura voasse, o terno duo de modo malicioso prosseguiria com acordes melódicos, não sucumbiria diante de negativos contratempos que pudessem surgir em meio ao efêmero concerto.
Em dados
momentos a regente propõe notas dissonantes e descompassadas, o regido publico sutilmente
desobedece ao arbitrário sinal e segue a dança no andamento original, enquanto o dó bemol e o mi sustenido equilibram os sofisticados movimentos da impetuosa
regente, tal equilíbrio traz bom ânimo aos componentes da sinfonia, traz
tranquilidade à "hermosa" comunicação entre a dupla de três, logo, os expectadores presentes que assistem ao erudito concerto na renascentista sala, vislumbram o desfecho do espetáculo, suas mãos coçam por
aplausos, sofrendo por antecipação pelo bom momento próximo de seu fim.
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