Desvendar os caminhos, ferramentas e os meios necessários pra incentivar o uso de produtos daria aos fornecedores de tais produtos a solução para os problemas de comercialização.
Desvendar os meios necessários pra incentivar o consumo de uma idéia daria ao difusor do plano a força necessária para garantir não somente o uso de produtos, garantiria também o poder de fidelização, permitiria ao autor da idéia ações de grande apelo público.
Valeria pois então explorar os segredos contidos nos subterrâneos do Vaticano, valeria considerar as técnicas empregadas pelos grandes meios de comunicação que têm consigo a chave da morte e do inferno, que trazem pra si conforme seus interesses adeptos que seguirão religiosamente o que é proposto.
Nasce então a dúvida sobre o real valor embutido nos produtos, da autenticidade de um pensamento, dos agentes que produzem sentimentos, surge a incerteza da existência da espontaneidade, se de fato existe instinto, se existe essência ou se tudo isso foi extinto e tragado por uma grande idéia.
A verdade é que nessa máquina existe primeiro mundo e também existe fome, a distribuição feita pelo detentor e difusor da grande idéia é desigual, Ele plantou o famoso e mentiroso clichê, "quem pode pode que não pode se sacode", assim, a desigualdade soa natural e com isso consumiremos o que Ele puser na prateleira, e não adianta reclamar, dizer que os produtos estão estragados, você não tem opção, mas Ele dirá pra você escolher melhor, e que é culpa sua se você comprou um produto estragado, pois bem lá no fundo da prateleira havia um produto razoável que evitaria essa enorme dor de barriga.
Assim, na prateleira próximo ao litoral sudeste temos Valesca popozuda, os insatisfeitos com essa opção reclamam a um dos gerentes e partem pra violência, agridem e amarram com justiça os pobres consumidores que roubam de seus bolsos o valioso Catra, na prateleira mais a baixo ainda no sudeste temos maconha, guerreiros do rap que duelam em batalhas pra ver quem consome mais, quem ostenta mais, quem fraseia melhor a filosofia de uma realidade vazia.
Diferente da tendência, na prateleira do nordeste Jackson do Pandeiro disse que só botará bee bop no samba quando o Tio Sam tocar o tamborim, ele ignorou a grande idéia e misturou Miami com Copacabana, ignorou a presente prateleira e garimpou fora dela produtos naturais, produtos que não foram forjados pela pseuda intelectualidade manipulada pela grande idéia, algo essencial, sem referência, puro, livre de contaminação.
Contudo, Jackson não escapou da mistura, foi contaminado por januário o kengo mais fino do nordeste, se apaixonou pela embriagada boca de Billie holiday, aprendeu a dançar com Juke do miserável viciado Walter Jacobs, batucou o som dos morros cariocas quando eles ainda eram limpos e ganhou a alcunha de Pandeiro, não resistiu e eletrificou o triângulo, o som outrora acústico amplificou-se, todos esses ingredientes engrossaram o caldo da sopa, cheia de especiarias, contudo, todas livres de produtos tóxicos.
Tomem dessa sopa, cheia de nutrientes e de caldo consistente, ela não causa dor de barriga, pois dessa sopa não se encontra na grande prateleira.