É possível julgar e condenar aquele que
decidiu se embriagar e dirigir e que através de tal ato, vidas foram tiradas, é
possível culpar o estuprador que violentou a menor de idade impingindo à vítima
uma gravidez indesejada, todavia, a culpa atribuída aos infratores é invalida
de acordo com determinadas crenças, ora, se considerarmos a definição de
destino e a concepção daqueles que no destino crê, toda a ação seja ela falha
ou honrada é desmerecida, pois tais ações foram determinadas antecipadamente
por uma força maior, prendendo assim o agente do delito ou da boa ação a algo
já fadado a acontecer, no caso do estupro, antes mesmo da fundação do mundo, o
Deus revelado no livro dos Gênesis já chamava essa criança fruto do estrupo
pelo nome, antes mesmo que a criança se formasse no ventre de sua mãe esse Deus
já sabia de sua futura existência, o mesmo vale para o pai da criança (o
estuprador) que antes mesmo do seu nascimento num berço de ouro em um nobre palácio,
antes mesmo da fundação do mundo, Deus já o chamava de filho, esse exemplo
dado, mostra que crenças ligadas à profecias, calcadas no conceito de
predestinação, livram todos os seres de suas culpas, retiram o mérito de
heróis, ao passo que, os acontecimentos já estavam escritos e determinados,
permitindo dizer que os acontecimentos são de responsabilidade dos autores,
pois os personagens componentes desse universo escrito por uma força maior são
incapazes de mudar o curso da realidade da qual eles foram forjados, logo, são
imunes de culpa.
Haverão aqueles que de modo desconexo irão justificar
suas crenças na teoria do livre arbítrio,
entretanto, o Deus que concedeu aos
seus subordinados o poder de decidir por si mesmo, de escolher o próprio
caminho, é o mesmo Deus que sabe do futuro, que por ser onisciente sabe das
tragédias, dores, felicidades e prosperidades que recairão sobre suas
criaturas, seja um fim de felicidade ou de dor, esse Deus através de sua
onipotência tem a ciência absoluta de tudo o que aconteceu, acontece e
acontecerá, logo, o suposto livre arbítrio nunca foi concedido, nunca existiu,
pois de modo incontestável, onde há predestinação não há livre arbítrio,
portanto, se existe um ser superior capaz de ver o futuro, por uma questão óbvia e exata, impossibilita a capacidade de escolha, pois o que passou, o que se passa e o futuro já estão escritos.
Cabe então decidir, crer no
destino e admitir que tragédia ou glória, sejam elas presentes ou futuras, não
dependem das próprias forças para que elas venham, ou cabe pensar no Acaso e
saber que glória e tragédia virão, não se sabe como, e a beleza da dúvida é
que faz do jogo mais interessante.
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