quarta-feira, 2 de março de 2011

Nós gostamos muito desse disco seu.




Enquanto eu praguejava contra o sinistro trânsito de São Paulo me lembrei da miséria do Haiti e  me envergonhei da barriga cheia e do desnecessário protesto. Não posso estimar o tamanho da penúria vivida por lá, enxergamos apenas uma árvore, para que vejamos a floresta é necessário que experenciemos o fardo e a dor, o julgamento baseado apenas em teorias é impreciso, portanto um julgamento equivocado, as facas que passearam pelas peles de mártires e os açoites que respigaram em negros dorsos deram às vítimas o conhecimento da redenção, da resignação derivada da tormenta, assim, não irei me atrever em avaliar a moda desesperadora de 1973.

Os calos nas mãos e a aspereza do cabo da inchada são agonias que desconheço, então eu vou falar de passeios pelas ruas de São Paulo, por entre os carros, sob a consolação do amor na Consolação, de passeios na zona leste onde nasce o sol, do romântico caminho na marginal do rio pinheiros quando se põe o sol, veja o sol que arde aí no sertão, esse sol aqui em São Paulo não racha o chão, me lembro quando partiste, foram lágrimas diluviosas, por elas nasceu um rio, e hoje eu mando um abraço pra ti menininhha da terra do frio.

Misericordiosissimamente, com muita percussão melódica, com profunda melodia percussiva, foi feito uma máquina, esse álbum é uma máquina de rock, uma fábrica de sinfonias ancestrais, uma usina brega, esse álbum voará por mil oceanos, é o ronco do passado, é como vozes de eras passadas que ecoam pela mente.

O que eu posso fazer então? Eu não posso fazer nada, irei apenas ouvi-lo, apreciar a arte clássica renascentista com profundeza nordestina com fogo urbano e arpejos violentos.

Me condeno por não fazer nada, bem pior é ignorar Belchior.

Pensando bem não ficarei de braços cruzados, disponibilizarei o link para download desse poderoso álbum:


2 comentários:

  1. uma das coisas que eu mais gosto em vc
    é o seu calor em falar da cultura nordestina
    em muitos contextos.

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  2. Parece que eu sou um maldito ufanista chauvinista do nosso nordeste Thaís!

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